"Louis-Auguste Cézanne – Pai do Artista Lendo", de Paul Cézanne
(1839-1906)
Embora não seja leitora atenta de poesia, Luís de Camões e Fernando Pessoa são dois gênios insuperáveis que não canso de ler. E para começar, Camões: Oh, como se me alonga de ano em ano.
Oh, como se me alonga de ano em ano
A peregrinação cansada minha!
Como se encurta e como ao fim caminha
Este meu breve e vão discurso humano!
Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
Perde-se-me um remédio que inda tinha;
Se por experiência se adivinha,
Qualquer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem que não se alcança;
No meio do caminho me falece;
Mil vezes caio e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
Se os olhos ergo a ver se inda parece,
Da vista se me perde e da esperança.
"The empty chair", de Charles Spencelayh, pintor inglês (1865-1958).
Nenhum comentário:
Postar um comentário