domingo, 11 de setembro de 2022

SEMANA COM POESIA


"Louis-Auguste Cézanne  Pai  do Artista Lendo", de Paul Cézanne
(1839-1906)

Embora não seja leitora atenta de poesia, Luís de Camões e Fernando Pessoa são dois gênios insuperáveis que não canso de ler. E para começar, Camões: Oh, como se me alonga de ano em ano.


Oh, como se me alonga de ano em ano
A peregrinação cansada minha!
Como se encurta e como ao fim caminha
Este meu breve e vão discurso humano!

Vai-se gastando a idade e cresce o dano;
Perde-se-me um remédio que inda tinha;
Se por experiência se adivinha,
Qualquer grande esperança é grande engano.

Corro após este bem que não se alcança;
No meio do caminho me falece;
Mil vezes caio e perco a confiança.

Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
Se os olhos ergo a ver se inda parece,
Da vista se me perde e da esperança.


"The empty chair", de Charles Spencelayh, pintor inglês (1865-1958).

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