segunda-feira, 12 de setembro de 2022

SEMANA COM POESIA

 SILENCIOSAS E PERTURBADORAS

Olegário Mariano Carneiro da Cunha nasceu em Recife, PE, em 24 de março de 1889, e faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de novembro de 1958. Dividiu-se entre a poesia, a política e a diplomacia. Este soneto sem data, em que o poeta declara sua paixão por louras naturais ou falsas, deve ter sido escrito nos anos de 1930, época da Lei Seca a que ele se refere e antes da década de 1950,quando Marilyn Monroe começou a brilhar em Hollywood.

O Declínio das Louras

 

Por serem mais românticas e belas

De linhas mais sensuais e duradouras,

Entre viúvas, casadas, e donzelas

Prefiro sempre as raparigas louras.

 

Porque nas atitudes mais singelas

São silenciosas e perturbadoras.

E a gente sente que é por causa delas

Que o sol loureja as searas e as lavouras.

 

Em Hollywood, porém, na hora presente,

Andam as louras desaparecidas

De cabelos mudados de repente.


 

Será que a moda já não vale nada

Ou quem sabe se a lei contra as bebidas

Proíbe a venda de água oxigenada?

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