Igrejas
me atraem por dois motivos: o silêncio e a arte sacra – que envolve a
arquitetura, os vitrais e a imagética. A segunda capela mais antiga de São
Paulo encontra-se em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo. Ela tem uma
história interessante, que desconhecia. A Vila de Piratininga, fundada em 1554,
não se desenvolvia como os jesuítas esperavam, apesar da convivência pacífica
entre europeus e indígenas; entretanto, a vila de Santo André da Borda do Campo,
mais antiga, ia muito bem. O padre Manoel da Nóbrega intercedeu junto ao
governador geral do Brasil e conseguiu a transferência da vila de Santo André –
com pelourinho e tudo mais – para Piratininga.
A
manobra não agradou aos indígenas e os descontentes mudaram. Os Guaianases se
deslocaram para a região do rio Tietê, formaram a aldeia de Ururaí, onde
Anchieta, com ajuda dos índios, ergueu uma capela dedicada a São Miguel Arcanjo
que não resistiu por muito tempo; mas em 1622 outra foi construída em taipa de
pilão. Ela ficou conhecida como “capela dos índios”. A igrejinha resistiu à ação
do tempo e dos humanos. O piso, as janelas e a pia batismal são originais. Em
1974 foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e, em 1991,
pelo COMPRESP. Em 2009 com apoio do BNDS, a capela passou por restauro, quando se
revelaram e foram recuperados diversos elementos artísticos ocultos ou
deteriorados pelo tempo – como pinturas murais feitas em taipa de pilão, atrás
dos altares laterais da nave principal; também foram implantados um
programa de educação patrimonial e um circuito de visitação, sem esquecer do entorno
que também recebeu melhorias.
A
Capela de São Miguel Arcanjo pode ser visitada às quintas-feiras e aos domingos.
O trem (linha 12) é a melhor opção para chegar a São Miguel Paulista, pois a
estação fica perto da Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, conhecida como praça do
Forró. O homenageado, Padre Aleixo Monteiro Mafra (1901-1967), assumiu em 1941 a
paróquia que se resumia à capela. Com a industrialização da região e o
crescimento do bairro a arquidiocese resolveu construir uma igreja maior. A pedra fundamental foi lançada em 1952 e a obra concluída em 1965. Padre Aleixo,
entretanto, estava afastado da paróquia desde 29 de março de 1964 e faleceu em
1967.
Um comentário:
Muito bom. Eu também desconhecia totalmente essa história.
Postar um comentário