domingo, 14 de julho de 2024

SEM ESTILO

 


Compromisso na Chácara Santo Antônio, zona centro-sul, onde não vou faz tempo. Metrô me parece o transporte mais rápido, embora não conheça esse trecho da Linha Lilás. Desço na estação Borba Gato e me indicam a saída que procuro e lá está a placa: Rua do Estilo Barroco. Que maravilha! E me preparo para construções exageradas, cheias de prosopopeias, mas qual o quê! Tudo simples, jeito de cidade antiga –baixinhas em que funcionam vários tipos de comércio. Outra surpresa – a rua do Cancioneiro Popular, que já conhecia de nome, e mais adiante, a Cancioneiro de Évora, que não se parece com as ruas da cidade portuguesa que conheci anos atrás. Encontro o local procurado e, após o dever cumprido, refaço o caminho ainda com esperança de rever a estátua de Borba Gato, mas nada feito. Aproveito o horário tranquilo para retornar sem o alvoroço da hora do rush.


ACLIMAÇÃO
 
Os funcionários da Prefeitura capricham sempre na limpeza da praça, mas os porcalhões não dão trégua. No dia 7 de julho passado, deixaram a praça limpinha. Fotografei para calcular quanto tempo vai ficar assim - sem papel, embalagens, latas e garrafas. A pracinha fica entre as ruas Paraíso e Armando Ferrentini.







segunda-feira, 8 de julho de 2024

DESPEDIDA

 

No início da década de 1980, o Largo Ana Rosa era bem diferente. Havia uma padaria enorme na rua Domingos de Moraes, daquelas tradicionais. Foi lá que esta santista descobriu que em São Paulo pedir uma média no balcão dos pães é um erro imperdoável. Uma vizinha nordestina ia comprar frango vivo num estabelecimento pequeno porque gostava de escolher a ave, que levava embrulhada em jornal e segurava pelos pés. Nos anos 1980, a padaria deu lugar a uma loja Pão de Açúcar que chegou a funcionar 24 horas. Para mim foi muito bom: saía do metrô, fazia compras e descia para a Aclimação.

Nesses anos todos, eu frequentei a loja, onde compro apenas alguns produtos específicos, como frutas, por exemplo. Confesso que adoro supermercados, mas não sou a consumidora do sonho de nenhum deles. Gosto de olhar as gôndolas, os produtos novos, observar os clientes e dar palpites em coisas erradas. Durante a pandemia, foram a minha principal distração.

Quantos funcionários simpáticos e atenciosos do Pão de Açúcar me atenderam nesse período! Como na vez em que esqueci a carteira no caixa e ao chegar em casa recebi um telefonema do gerente me avisando da distração e se desculpando por ter aberto a carteira, onde encontrara um cartão de visitas com meu número. Mais recentemente, paguei no autoatendimento, fui embora sem retirar o cartão na máquina e só no dia seguinte dei por falta dele. Quando cheguei à loja, nem precisei abrir a boca: a funcionária foi me avisando: “A senhora deixou o cartão na máquina. Eu chamei, mas a senhora não ouviu.”   

No programa de emprego de pessoas especiais do PA que, me parece, funciona muito bem, há pelo menos dois funcionários nesta loja. Quando precisei de um produto light, pedi ajuda e um deles me atendeu, mas como havia diversas marcas fiquei em dúvida sobre qual escolher. Ele não hesitou em me indicar a que sempre usa por recomendação da irmã e, conversa vai conversa vem, disse que tinha 40 anos. Queixas? Tive algumas. O que mais me aborreceu? A encomenda de um purê de castanhas portuguesas, que coloquei na geladeira e quando retirei para consumo – imaginem! – tinha virado sopa!!!

Por que estou escrevendo sobre isso? Depois de todos esses anos, a loja encerrará suas atividades no próximo domingo por causa de um mega empreendimento imobiliário que arrasou meio quarteirão da rua Rodrigues Alves e os dois imóveis da esquina com a rua Domingos de Moraes. É verdade que o novo condomínio incluirá o supermercado – e para isso o fechamento deve ter sido resultado de uma longa negociação entre as partes, já que, desde a demolição das casas vizinhas, se falava havia tempos que o supermercado ia fechar.

Soube que todos os funcionários serão remanejados para outras lojas da rede, mas nenhuma próxima de casa... Na verdade, nem posso reclamar porque meu bairro tem muitas opções – mercados, mercadinhos e supermercados, mas...





domingo, 7 de julho de 2024

MISTÉRIOS INSONDÁVEIS

 

Rua São Bento, São Paulo.


“Quantas vezes em ruas apinhadas,

Em meio à multidão, disse a mim mesmo:

‘Mas a cada rosto que passa por mim

Encerra algum mistério insondável!’ [...]

[...] até que as formas visíveis

Tornavam-se visões, como as que fluem

Sobre montes imóveis, ou nos sonhos.”

William Wordsworth (1770-1850).


Los Angeles, 2017.

sábado, 29 de junho de 2024

S. PEDRO ENCERRA AS FESTAS (revisado)

O penúltimo dia de junho é dedicado a Pedro, cognome que o pescador Simão recebeu de Jesus, segundo a bíblia. O folclore brasileiro desenvolveu uma grande familiaridade com os santos, atribuindo-lhes algumas qualidades específicas, que Lamartine Babo em 1934 se encarregou de contar na deliciosa marchinha “Isso é lá com Santo Antônio”, gravada por Carmen Miranda e Mário Reis.

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
São João disse que não!
São João disse que não!
Isto é lá com Santo Antônio!

Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado

São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Disse o velho num sorriso
Minha gente, eu sou chaveiro
Nunca fui casamenteiro!

São Pedro, entretanto, não foi tema preferido dos compositores. Aparece quase sempre como coadjuvante de João e Antônio. O pessoal da geração “baby boom” lembra os tempos em que as festas juninas eram realizadas nos quintais das casas e tinham fogueiras, foguetórios e balões. As comidas eram feitas em casa com antecedência, assim como os balões coloridos.

            Com o crescimento das cidades e a industrialização, os costumes tiveram que se enquadrar nesta nova realidade. Em 1951 soltar balão e foguetes tornou-se contravenção prevista no Código Penal e punida com prisão (15 a 20 dias) com multa.  Os compositores Romeu Gentil (1911-1983) e Francisco da Silva Fárrea Júnior, o Paquito (1915-1975), lamentaram o fato na composição “Promessa a São João” em 1953:

Meu Santo Antônio, meu São Pedro e São João
É muito grande a nossa aflição
Já não se pode mais soltar foguete
Fazer fogueira nem soltar balão.

            Soltar balão continua proibido.

            No século XXI, os santos festeiros continuam sendo homenageados – a festa estende-se até julho, com quermesses, muita comida, apresentação de quadrilhas, grupos musicais com a decoração tradicional e até roupa típica – pelo menos uma camisa xadrez e um chapéu de palha. Quanto ao cardápio, tem que ter amendoim, pinhão, pamonha, curau, pé-de-moleque e de moça, canjica, doce de abóbora, paçoca e doce de leite. Além de sucos para as crianças, quentão e vinho quente para os marmanjos.

            No Nordeste, as festas juninas fazem parte do calendário turístico de muitas cidades – Campina Grande (PB), por exemplo, atrai milhares de pessoas.

            Como diz a rancheira “Charanga do Céu”, de 1952, o “baile na roça não tem confusão/ João no cavaco faz a marcação/ Pedro na sanfona vai à introdução..."

https://www.youtube.com/watch?v=F816ZxDZY78








quinta-feira, 27 de junho de 2024

MARIA MUTEMA

 

Só para dar água na boca, um trecho de "Grande Sertão: Veredas", do escritor e diplomata João Guimaraes Rosa, que hoje faria 116 anos – ele nasceu em 1908, na cidade de Cordisburgo (MG).

“Naquele lugar existia uma mulher, por nome Maria Mutema, pessoa igual às outras, sem nenhuma diversidade. Uma noite, o marido dela morreu, amanheceu morto de madrugada. Maria Mutema chamou por socorro, reuniu todos os mais vizinhos. O arraial era pequeno, todos vieram certificar. Sinal nenhum não se viu, e ele tinha estado nos dias antes em saúde apreciável, por isso se disse que só de acesso do coração era que podia ter querido morrer. E naquela tarde mesma do dia dessa manhã, o marido foi bem enterrado.

Maria Mutema era senhora vivida, mulher em preceito sertanejo. Se sentiu, foi em si, se sofreu muito não disse, guardou a dor sem demonstração. Mas isso lá é regra, entre gente que se diga, pelo visto a ninguém chamou atenção. O que deu em nota foi outra coisa: foi a religião da Mutema, que daí pegou a ir à igreja todo santo dia, afora que de três em três agora se confessava. Dera em carola se dizia só constante na salvação de sua alma. Ela sempre de preto, conforme os costumes, mulher que não ria esse lenho seco. E, estando na igreja, não tirava os olhos do padre.

O padre, Padre Ponte, era um sacerdote bom-homem, de meia-idade, meio gordo, muito descansado nos modos e de todos bem estimado. Sem desrespeito, só por verdade no dizer, uma pecha ele tinha: ele relaxava. Gerara três filhos, com uma mulher, simplória e sacudida, que governava a casa e cozinhava para ele, e também acudia pelo nome de Maria, dita por aceita alcunha a Maria do Padre. Mas não vá maldar o senhor maior escândalo nessa situação com a ignorância dos tempos, antigamente, essas coisas podiam, todo o mundo achava trivial. Os filhos, bem-criados e bonitinhos, eram "os meninos da Maria do Padre". E em tudo mais o Padre Ponte era um vigário de mão cheia, cumpridor e caridoso, pregando com muita virtude seu sermão e atendendo em qualquer hora do dia ou da noite, para levar aos roceiros o conforto da santa hóstia do Senhor ou dos santos-óleos.”



quarta-feira, 26 de junho de 2024

RUA DO OURO

 


Uma rara manhã tranquila na Praça da Sé. A banca de jornal –atualmente o que menos tem é jornal – abriu cedo; o pregador madrugou com sua bíblia, mas apenas o homem com vistosas calças parece interessado em ouvi-lo; ao redor alguns homens que parecem viver por ali cuidam de seus míseros pertences. Uns poucos idosos sentados nas muretas dos canteiros parecem esperar como Estragon e Vladimir, mas assim como estes dois personagens de Beckett, eles no fundo sabem que Godot nunca aparecerá. Um pouco afastado, o senhor com o colete amarelo prefere a praça à algazarra da “rua do ouro” e fuma na expectativa de que surja alguém que precise vender suas joias.   

Acredito que João Cardoso de Meneses e Sousa (1827-1915) nunca imaginou que seria mais conhecido por venda de ouro (que nunca praticou) do que pela sua trajetória profissional como político, advogado, professor e jornalista. Santista de nascimento, depois de uma passagem por Taubaté (SP), estabeleceu-se no Rio de Janeiro e por seus serviços recebeu o título de Barão de Paranapiacaba em 1883. Quando ele morreu, uma das ruas do Centro Histórico recebeu o nome de Barão de Paranapiacaba. Com o tempo comerciantes de ouro se estabeleceram por lá e a ruela se tornou temática. Se você caminhar pelo entorno da Praça da Sé, com certeza será importunado por uma das dezenas de pessoas que tentam atrair clientes para lojas que compram e vendem ouro e outros tipos de metal precioso na rua Barão de Paranapiacaba, a famosa “rua do ouro”. Essas pessoas às vezes usam coletes com o nome da loja ou simplesmente empunham catálogos e folhetos que, no afã de ganhar a atenção dos transeuntes (palavrinha feia), acabam brigando entre si. Difícil escapar deles.



sexta-feira, 21 de junho de 2024

SELOS DE AMIZADES

 


“Quem examina pilhas de cartas antigas, um selo, que há muito tempo está fora de curso, sobre um envelope frágil, diz mais a ele que dúzias de páginas relidas. Muitas vezes se os encontramos em cartões postais e então não se sabe: deve-se destacá-los ou guardar o cartão tal como está, como a folha de um velho mestre que tem do lado da frente e do de trás dois diferentes desenhos igualmente valiosos? Há também nas caixas de vidro dos cafés, cartas que têm contas a ajustar e estão expostas no pelourinho diante de todos os olhos. Ou foram deportadas e são obrigadas a definhar nessa caixa ano após ano, sobre um Sala y Gomes* de vidro? Cartas que permaneceram muito tempo sem serem abertas adquirem algo de brutal; são deserdados que perfidamente forjam uma quieta vingança por longos dias de sofrimento. Muitas delas, mais tarde, expõem nas vitrines dos comerciantes de selos os envelopes inteiramente marcados a fogo por carimbos.” “Comércio de Selos”, de Walter Benjamin.

Gosto demais de Walter Benjamin, embora nem sempre concorde com suas ideias. Ao ler seus devaneios sobre selos, lembrei que guardo cartas e cartões postais que amigos e familiares me enviaram ao longo de décadas. Elas significam muito para mim – por eles terem se lembrado de mim em algum momento das suas viagens ou nos lugares para onde mudaram a fim de iniciar uma nova vida, levando-me em suas memórias. Os selos? Nunca pensei em colecioná-los. Para Benjamin “Selos são cartões de visitas que os grandes Estados deixam no quarto das crianças”, quanto a mim, sou mais prática. Eles são selos de antigas e queridas amizades, muito mais que o recibo do pagamento pelo serviço postal que, tradicionalmente, celebra a cultura e a história do país emissor. Carta selada é entregue sem custo para o destinatário, que só arca com a despesa quando a missiva chega sem os devidos selos. Na foto, apenas uma parte da correspondência guardada em caixas organizadoras.

* Ilha vulcânica desabitada do Chile.




terça-feira, 18 de junho de 2024

HOJE TEM PIQUENIQUE?

Para comemorar o Dia Internacional do Piquenique, “Le Déjeuner sur l’Herbe” (1863), tela de Édouard Manet, exibida pela primeira vez no salão dos recusados – tipo protesto dos que artistas que não participaram do Salão Oficial de 1863. Já li várias críticas sobre o quadro e em algum lugar sobre a exploração do corpo feminino, machismo etc. e tal, mas a dama desnuda encara o espectador com uma naturalidade quase provocante para a época. É um belo quadro. Acervo do Museu d'Orsay em Paris.

A data (mais uma) foi criada no Hemisfério Norte para saudar o verão que começa no dia 20/06, época de aproveitar a vida ao ar livre. 

(Eu não gosto de piquenique ou convescote. Atrai formigas e borboletas!)



domingo, 16 de junho de 2024

PERDER-SE

“Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas deve soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente quanto um desfiladeiro. Essa arte aprendi tardiamente; ela tornou real o sonho cujos labirintos nos mata-borrões de meus cadernos foram os primeiros vestígios."

Filósofo alemão Walter Benjamim (1892-1940).

Rua da Aclimação.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

VILA ZELINA

 (Texto revisado.)

Saí disposta a conhecer a primeira igreja ortodoxa russa de São Paulo, inaugurada em meados dos anos 1930, numa região onde predominam os imigrantes do Leste europeu. Dia ensolarado, temperatura amena. Metrô direto até a Vila Prudente, na Zona Leste. Uma estação enorme, com um terminal de ônibus proporcional. Nesse mundo de aplicativos que servem de guia, ninguém mais precisa saber caminhos ou nomes de ruas. Ao seguir a rota pelo celular as pessoas não veem o entorno – paisagem, pessoas, comércio e ainda se arriscam a um atropelamento. Por causa dessas inovações pouco adianta você perguntar onde fica tal rua ou avenida... Consigo, entretanto, saber onde é o ponto do ônibus.

        O motorista, um senhor experiente, dirige com tranquilidade. Nos bancos da frente, apenas senhoras igualmente experientes. Uns cinco minutos depois, paramos em um semáforo e do lado direito há uma pracinha esquisita onde funcionários da prefeitura trabalham na limpeza. Enquanto aguardamos luz verde, observamos os garis. Um varre o lixo para uma pá de cabo longo que o colega segura com evidente displicência e, quando ela está cheia, joga o conteúdo para a caçamba de um caminhão da prefeitura. Metade do lixo volta para o chão. A operação se repete com o mesmo resultado. O motorista ri, as senhoras se agitam com a incompetência de dupla (acho que era má vontade) que é observada pelo motorista do caminhão e por outro funcionário. Sinal verde. A viagem continua. Sobe um senhor de bengala – todas querem ceder o lugar, ele agradece, porque já vai descer no próximo ponto, que por acaso é onde ficarei.

A praça República da Ucrânia é pequena, densamente arborizada. Há várias mesinhas, ocupadas por aposentados que conversam, jogam xadrez ou dama; em mesa mais afastada, uma moça lê um livro e num banco de jardim um homem deitou-se preguiçosamente. O topo do monumento à Liberdade, no centro da praça, fica sob o abrigo das árvores e mal dá para ver e muito menos fotografar. Peço informações a dois senhores que conversam em voz baixa, coisa pouco usual nesses tempos.  Não conhecem a Igreja Ortodoxa russa que procuro; aproveito para visitar a igreja Católica Romana de São José, que domina a praça. Na saída, encontro o passageiro de bengala.

Uma senhora me aborda para saber de uma igreja protestante que tem um bazar semanal muito bom. Explico que não conheço o bairro, ela ri porque também não é da região: mora na Vila Mariana como eu, mas estava visitando a mãe. Vamos até a banca de jornal – gente simpática que ensina para ela onde é o bazar e a mim dá a direção da igreja ortodoxa. Depois~~ de galgar uma ladeira e chegar aonde deveria, descubro uma igreja, mas não a que procurava. Abordo um senhor que estava entrando em casa estranha ao lado de outra muito bonita. Atencioso ele me explica que a igreja é longe.

Comento que o pouco da Vila Zelina que vi naquela manhã me deixou encantada. Parece uma cidade do interior: casas baixas, ruas limpas, silenciosas e moradores atenciosos. Ele diz que, infelizmente, a violência também está chegando por lá. Uma pena! Nos despedimos. Outro dia irei conhecer a igreja russa. 


É bem possível que a maioria das pessoas não tenha ideia de onde fica a República da Lituânia e, no entanto, pode-se dizer que fica na cidade de São Paulo, exatamente na Vila Zelina (Distrito de Vila Prudente), onde se estabeleceu a segunda maior colônia de imigrantes lituanos do mundo (a primeira foi em Chicago, EUA). Os lituanos não foram os únicos imigrantes do Leste Europeu, que chegaram a São Paulo no início do século passado por causa da I Guerra Mundial (1914-1918) e da Revolução Russa (1917). Vieram russos, poloneses, húngaros, búlgaros e ucranianos que se estabeleceram numa área da cidade, na época, quase rural.

Quando a Vila Prudente começou a se desenvolver, Cláudio Monteiro Soares Filho, proprietário de terras da região conhecida como Baixos do Embaúba, resolveu lotear sua área para vender, o que ele achou um bom negócio para ele e para o bairro. Soares Filho delegou a corretagem dos terrenos a Carlos Corkisko, um imigrante russo poliglota. Nesse ponto, há divergências. Para uns ele era russo e para outros era lituano. A explicação para a segunda versão é de que , naqueles tempos, o país pertencia à Rússia e seu sobrenome seria Korsiski em lituano.

Não se sabe ao certo o que levou os imigrantes do Leste Europeu escolherem o bairro – talvez porque o loteamento fosse novo e eles poderiam se estabelecer de acordo com seus costumes. Abriram diversos tipos de comércio – as padarias faziam pão preto; os restaurantes ofereciam borsch, a famosa sopa de beterraba russa, pierogi – um pastel cozido com recheios variados típico da Ucrânia e Polônia, assim como o varenik russo; havia ainda o chucrute, pepino curtido e arenque defumado. O artesanato veio junto, especialmente as pinturas em porcelana, arte em madeira, bordados típicos e ovos pintados.

A vida ia tranquila, longe de conflitos, mas a comunidade não tinha como expressar sua religiosidade e sentia falta de igrejas locais. Em 1931, a família Giacolini doou um terreno para a construção da primeira igreja ortodoxa russa de São Paulo e em 1934 Cláudio Monteiro Soares Filho doou um terreno e tijolos para a construção da Igreja Católica Romana de São José.  

E por que Vila Zelina? Simples. Zelina foi homenagem a uma das filhas do casal Alvarenga Monteiro Soares e dona Zenobia, que teve outros dois filhos Helena e Cláudio Júnior.



quarta-feira, 12 de junho de 2024

DIA DOS NAMORADOS

Para os românticos inveterados, a poesia erudita de Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa).  Para os amantes de clássicos do cinema, o beijo transgressor de Burt Lancaster e Deborah Kerr, no filme “A um passo da Eternidade”, dirigido por Fred Zinnemann, em 1953. 


NÃO SEI se é amor que tens, ou amor que finges, 
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta. 
            Já que o não sou por tempo, 
            Seja eu jovem por erro. 
Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso. 
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva 
            É verdadeira. Aceito, 
            Cerro olhos: é bastante. 
            Que mais quero? 

ODES de Ricardo Reis



FROM HERE TO ETERNITY/ A UM PASSO DA ETERNIDADE

https://www.youtube.com/watch?v=7TlDNMc_hFk



terça-feira, 11 de junho de 2024

FOTÓGRAFOS DE RUA

 

O que fotografava o lambe-lambe na esquina da avenida São João com Ipiranga? Nada. Ele é uma estátua viva – uma das muitas que se encontram pelas ruas de São Paulo. 6/06/24.




Uma coisinha insignificante

Mas pra quem ama é tão importante
Um simples retrato, tipo três por quatro
Na minha carteira

(Xororó e Alcino Alves)


sábado, 1 de junho de 2024

VAMOS CAMINHAR. SEMPRE.

Frequentemente, escrevo sobre as caminhadas e passeios que faço, afinal uma senhora aposentada tem que arranjar o que fazer do seu tempo, sem obrigação e sem compromisso. Naturalmente, passeio pode ser feito de várias formas – de carro, ônibus, trem, metrô, VLT, bicicleta, moto, caminhão, avião e barco (não importa o tamanho), skate ou patins, mas o original e mais proveitoso mesmo é caminhar. Ao caminhar a pessoa aproveita a paisagem, observa e ouve as pessoas em torno, descobre caminhos novos e avalia as mudanças que a cidade teve ao longo dos anos – modas e modismos. Sem falar que faz bem à saúde.

Minhas caminhadas começaram na infância e estenderam-se até a adolescência. Chovesse ou fizesse sol eu ia para a escola a pé; quando iniciei o clássico pegava o bonde 32 e, na época da faculdade, o trólebus 53 – este passava na rua onde eu morava. Não foi diferente quando fui trabalhar: a empresa não era longe e condução, só em dias chuvosos. Andar sempre fez parte da minha história e só aos poucos se tornou uma prática desafiadora.

A primeira caminhada longa foi na Serra do Mar, promovida pelo Grupo de Andarilhos do Enguaguaçu, entidade ecológica criada pela esportista e cronista santista Lydia Frederici (1919-1994). Achei que poucas pessoas se arriscariam a descer o velho Caminho do Mar (Estrada Velha de Santos) a pé num domingo de verão tórrido, mas foram necessários uns dez ônibus para levar todos os inscritos até o topo da Serra e voltar para apanhá-los em Cubatão. Anos depois, um grande desafio: ir a pé de Peruíbe a Iguape – dessa vez em uma das muitas caravanas organizadas pelo o ambientalista Ernesto Zwarg Jr. (1925-2009) em defesa da preservação da Jureia e do Caminho do Telégrafo do Imperador. Novas experiências: descer pela rodovia Mogi-Bertioga antes da inauguração e em outra ocasião fui, com um pequeno grupo organizado por minha amiga jornalista e escritora Elaine Saboia, conhecer o caminho pela encosta da Serra de Mogi que leva à Vila de Itatinga, no Litoral Norte – um dos lugares mais belos que conheci. Fiz também uma caminhada na Ilha do Cardoso. Bons tempos em que era possível se aventurar com segurança.

O tempo passou e eu agora me restrinjo a caminhadas urbanas não apenas por São Paulo e Santos, mas em qualquer cidade em que esteja. Levanto e abro as janelas – para o sol ou para a chuva e o burburinho da rua. É na rua que a vida fervilha. Gosto de observar, pensar sobre o que vejo, às vezes escrever sobre lugares e situações. Encontro pessoas de todos os tipos no caminho – desde trabalhadores, os tradicionais vagabundos, artistas de rua, pedintes, loucos, ambulantes, crentes de todos os tipos, tagarelas insuportáveis, drogados, indiferentes, fofoqueiros e loucos...É nas ruas que se pode ver que o tempo passa, tudo muda, se renova – mudam as pessoas, muda a moda.

Estrada Mogi-Bertioga em obras, anos 1970.

Ilha do Cardoso, anos 1990.

Grupo de Andarilhos do Enguaguaçu, provavelmente 1980.


domingo, 26 de maio de 2024

DOMINGO CHUVOSO

 

Domingo com chuva e frio. Uma tarde para remexer em baús e livros amenos como os de Andrea Camilleri (1925-2019), escritor e diretor de teatro siciliano, que fez um grande sucesso, principalmente, por causa do comissário Salvo Montalbano, personagem de seus romances policiais. Do baú, algumas fotos da Sicília – aquela ilha na ponta da bota italiana – por onde andei no final do século passado. O cenário das histórias de Camilleri é fictício, mas a comida que Montalbano saboreia entre uma investigação e outra é bem típica da região e dá água na boca.

         As fotos da Sicília vão desbotando, mas não as lembranças que incluem as viagens de trem a Messina e Siracusa a partir de Catania. Recuperei duas fotos da Catania: da Fontana dell'Elefante na praça do Domo e a Porta Garibaldi, Em tempo: embora não haja um registro oficial da origem do elefante na cidade, ele é o símbolo da Catania. Quanto à porta (ou arco) ela foi construída em 1768, quando se chamou Ferdinandea, e só bem mais tarde passou a ser denominada Garibaldi.





terça-feira, 21 de maio de 2024

CONTRABANDO


Os alfandegueiros de Santos

Examinaram minhas malas

Minhas roupas

Mas se esqueceram de ver

Que eu trazia no coração

Uma saudade feliz

De Paris


Oswald de Andrade: "Obras Completas", Vol. 7.

Paris, rio Sena. Outubro de 2006.
No original, o título é com letra minúscula.

domingo, 19 de maio de 2024

VIDAS EM COSTURA

 

“Vidas em Costura”, uma exposição muito boa que está na estação Clínicas do Metrô. Ela se compõe de relatos de pessoas que fizeram da costura um projeto de vida por motivos variados – o gosto pela moda, o prazer de costurar, a necessidade de sobreviver e a percepção de uma oportunidade de trabalho. Realização do Museu da Pessoa, com apoio do Instituto C&A. (A informação no site do metrô é de terminaria em fevereiro, mas eu vi no dia 10 de maio, mas há uma versão digital no mesmo site). Ah! Importante é que todos os entrevistados com esforço e empenho conseguiram vencer dificuldades e alcançar seus objetivos.

Abaixo os depoimentos de Luís da Lama e de Jum Nakao.




sexta-feira, 17 de maio de 2024

PASSEIOS EM SERVIÇO

“Atravessou a ponte Scalzi e entrou no labirinto de ruelas que levavam ao apartamento. Mesmo àquela hora, cruzou com poucos transeuntes, pois quase todos iam de barco à estação ou ao terminal de ônibus da Piazzale Roma. Geralmente ficava de olho nas fachadas dos prédios, nas janelas altas, nas vielas, atento a qualquer coisa que porventura ainda não tivesse notado. Tal como boa parte dos seus conterrâneos, não se cansava de estudar a cidade, alegrando-se toda vez que topava com algo em que não havia reparado antes. Com o passar dos anos, criou um sistema que lhe permitia recompensar-se a cada descoberta: uma janela nova valia um café. A nova estátua de um santo, mesmo que pequeno, rendia um copo de vinho; e uma vez, anos antes, achara numa parede, pela qual passava cinco vezes por semana desde a infância, uma inscrição em pedra marcando a sede da editora Aldine, a mais antiga da Itália, fundada no século XIV. Na ocasião, simplesmente virou a esquina, entrou no primeiro bar do Campo San Luca e pediu um Brandy Alexander, embora fossem dez horas da manhã e o garçom o tivesse servido com cara de poucos amigos.”

Este andarilho é o comissário de polícia Guido Brunetti, um personagem criado pela escritora Donna Leon (1942), norte-americana radicada em Veneza – cenário de suas histórias policiais. Com Brunetti o leitor conhece um pouco dessa cidade situada sobre uma lagoa pantanosa, no caminho de casa ou de suas investigações. Gostei do sistema de recompensas... 

Veneza: "A Entrada ao Grande Canal", 1725. Tela de Canaletto (1697-1768).


quarta-feira, 8 de maio de 2024

BRÁS E MOOCA


Estou expandindo minhas andanças para a Zona Leste, que pouco conheço. Pode-se chegar lá por trem ou metrô. Outro dia desci na estação da CPTM do Brás onde descobri que era dia do Ferroviário e a banda dos funcionários preparava-se para um show no saguão, onde viam-se banners referentes à programação que marcará os 30 anos do Legado Ayrton Senna. Na parte externa da estação, mais novidades: o mural de 100 m² em homenagem a Senna de autoria do artista argentino Santiago Panichelli – aliás, não gostei.

Tentei caminhar pela avenida Rangel Pestana, tentei porque as calçadas ficam repletas de vendedores que espalham a mercadoria deixando um pequeno espaço para os pedestres. Há de tudo – meias, tênis, assessórios para celulares roupas entre outras coisas. Compradores? Não muitos. Os vendedores são de várias origens, – principalmente imigrantes de várias procedências – e estão “ligados” nos seus respectivos celulares. Passei pela Rua do Hipódromo, onde foi instalado, no século XIX, o Clube de Corridas Paulistano que mudou para a nova sede em Cidade Jardim em 1941 com o nome de Jockey Club de São Paulo. Ainda há vestígios do hipódromo.

A rua do Hipódromo vai até a rua Visconde de Parnaíba onde fica a estação Bresser-Mooca. O que chama minha atenção são trilhos, vestígios de um bonde que levava passageiros da estação ao Museu da Imigração desde 1998 até 2009, quando parou de circular. O bonde 38, montado pela empresa Hurst, Nelson and Company nos idos de 1912, era de Santos para onde voltou. Ele é propriedade da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.

Uma placa identifica uma Casa de Véus. Uma casa só de véus? Não. Há várias casas que vendem apenas véus – não de noivas, mas aqueles curtos que as mulheres católicas usavam para confissão. Outra surpresa: na feirinha com algumas barracas, o produto principal é o véu. Vou conversar com uma das vendedoras e ela me informa sobre a igreja Congregação Cristã do Brasil na outra quadra.

A Visconde de Parnaíba, que é o endereço de algumas lojas de instrumentos musicais, exibe ainda bonitos e alegres murais da CPTM, assinados por Eduardo Kobra. O importante Museu da Imigração, no final da rua, fica para outro dia. (Fotos: Hilda Araújo.)










segunda-feira, 29 de abril de 2024

A BOA MÚSICA DE CHIQUINHA GONZAGA

Para começar a semana e a despedida do mês de abril, "Juracy", composição de Chiquinha Gonzaga. Ao piano Clara Sverner.


https://www.youtube.com/watch?v=nLXkBnjTS8M 



domingo, 28 de abril de 2024

PERGUNTAR DEMONSTRA INTERESSE


Canso de me deparar com funcionários de lojas e empresas que não têm ideia do que fazem na vida. Alguns ainda têm interesse e procuram ajuda. Fiz uma lista.

Passei pela vitrine de uma sapataria onde havia lindas e discretas babuches com 50% de desconto; porém, contrariando as normas, não havia preço em nada. “Qual o preço das babuchas?” – perguntei à vendedora que respondeu que estavam em liquidação. “Eu li, mas qual o preço?”. Ela rispidamente informou que o desconto era de 50%, virou-se e entrou na loja. Fiquei furiosa com a grosseria, mas estava com pressa e, se pretendia voltar, a vontade passou logo. Depois de algumas horas ainda aborrecida com a falta de cortesia da comerciária, me dei conta de que ela não devia saber o que era uma babucha... Custava perguntar? 

Ônibus que uso frequentemente e conheço de vista os funcionários. Sobe um senhor e pergunta ao cobrador detalhes do trajeto. O cobrador cita as avenidas Paulista e Angélica. O passageiro quer saber se, no retorno, passa pela Praça Clóvis Bevilácqua. O cobrador pensa um pouco e diz que não conhece. Não me conformo: ele passa há anos pelo menos duas vezes por dia pela Praça Clóvis Beviláqua e nunca se deu ao trabalho de identificar o trajeto do coletivo! “Sim, passa pela Praça Clóvis Beviláqua” – digo ao senhor. E para o cobrador explico: “A Praça Clóvis é a Clóvis Beviláqua, em frente à rua Anita Garibaldi”. E não é que ele ficou muito surpreso com a novidade?

Queria comprar um presente de aniversário para um amigo, que estava aprendendo a cozinhar e se interessava por especiarias, quando vi um objeto perfeito na vitrine de uma loja. Entrei e perguntei à balconista qual o preço do almofariz. Ela disse que não tinham. “Como não? Está na vitrine!” Ela pediu que lhe mostrasse o objeto. E lá fomos nós para a calçada e, diante da vitrine, mostrei o almofariz. “Ah! Um pilão!”


Eu procurei em vão uma toalha de praia em São Paulo. Até que um amigo me indicou uma loja de esportes, na avenida Paulista. O jovem que me atendeu, gentilmente, me levou para o setor de praia. Bastou uma olhada para saber que não havia toalhas de praia, mas ele não teve receio de perguntar o que é uma toalha de praia. Tive o maior prazer em explicar para ele o que era. 

Perguntar só demonstra interesse, vontade de aprender e melhorar na atividade em que se trabalha. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

PÉ NA ESTRADA

A serviço no Parque Estadual Ilha do Cardoso, década 1990. Foto: Chuvisco.

Frequentemente, escrevo sobre minhas viagens ao exterior, mas viajei pelo Brasil antes de atravessar as fronteiras do país. Sou paulista e, naturalmente, São Paulo é o estado que melhor conheço. Nasci em Taubaté, cidade que só fui conhecer há nove anos, e cresci em Santos, que é realmente a minha cidade. Posso dizer que conheço bem o litoral paulista – de Norte a Sul. Minha primeira viagem foi a Tambaú, para onde os milagres do padre Donizete Tavares de Lima atraiam centenas de peregrinos. Devia ter uns quatro ou cinco anos. Lembro vagamente da viagem de carro com a família e da terra vermelha da cidade. Depois que minhas tias casaram, ficamos apenas eu e minha avó e às vezes viajávamos para o interior. Saíamos muito cedo de casa para o passeio, tomávamos o ônibus para São Paulo onde nos transferíamos para outro. Foi assim que visitei Araras, Leme, Rio Claro, Campinas e Caçapava. Quando fiz 15 anos, ela me proporcionou um presente tão maravilhoso quanto os livros que me deu ao longo da vida: uma viagem de trem para Minas Gerais. O começo da aventura foi em Bauru, onde voltei outras vezes. 

            Tento me lembrar das cidades que conheço ou visitei a serviço – estas são a maioria, mas é difícil. São poucas, pois o Estado de São Paulo tem 645 municípios. Assis, Campinas, Campos do Jordão, Diadema, Eldorado, Embu das Artes, Franca, Guarulhos, Itapetininga, Itariri, Itu, Jarinu, Jundiaí, Mairiporã, Mauá, Miracatu, Mogi das Cruzes, Osasco, Piracicaba, Pirassununga, Porto Feliz, Registro, Ribeirão Preto, Ribeirão Pires, Santa Isabel, Santa Rita do Passa Quatro (terra natal de minha avó), São Bernardo do Campo, São Caetano, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Teodoro Sampaio.

Todas as vezes que fui a Piracicaba, lembro de ter feito refeições num restaurante à beira rio; de Teodoro Sampaio, boas recordações do Parque Estadual do Morro do Diabo. A primeira cobertura de interdição de uma rodovia por enchente foi em Miracatu.

O litoral de São Paulo possui cerca de 880 km de extensão: Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Iguape, Ilha Comprida e Cananeia. Cubatão, embora não tenha praia, faz parte do Litoral Sul. Fiz caminhada de um dia de Peruíbe a Iguape duas vezes; acampei várias vezes em São Sebastião; fiz piqueniques em Mongaguá e Peruíbe; em Itanhaém, uma inesquecível Festa do Divino; quantos domingos ensolarados na praia do Tombo em Guarujá ou no Gonzaga em Santos ou no Gonzaguinha, em São Vicente... E por aí vão as recordações.

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

DIA DO ESCOTEIRO

Hoje é dia do Escoteiro, a maior organização mundial de voluntariado, voltada para a educação de jovens. Foi fundado em 1907 na Inglaterra por Robert Baden-Powell, um militar britânico. Quando Baden-Powell formulou a Lei Escoteira, não inclui proibições, mas conceitos para a formação de pessoas generosas. O escotismo é praticado ao ar livre e promove o trabalho em equipe. Os conceitos da Lei Escoteira, idealizada por Baden-Powell, pregam honra, integridade, lealdade, presteza, amizade, cortesia, respeito e proteção à natureza, responsabilidade, disciplina, coragem, ânimo, bom senso, respeito pela propriedade e autoconfiança. Após a realização do primeiro acampamento, a ideia espalhou-se rápida e espontaneamente pela Inglaterra.

            Ao Brasil, chegou por meio de oficiais da Marinha do Brasil, que na ocasião souberam da iniciativa e trouxeram as informações e até uniformes para a prática do escotismo.  Com eles estava outro entusiasta do movimento – Mário Sergio Cardim, que conheceu e estudou com Baden-Powel. Cardim foi o responsável por iniciar em 1914 o movimento para “crianças do escotismo feminino”, no estado de São Paulo.

A primeira organização escoteira do Brasil surgiu no Rio de Janeiro (capital do país) com o nome de Centro de Boys Scouts do Brasil. A União dos Escoteiros do Brasil (UEB), órgão regulador do escotismo nacional, reconhece como data oficial do início das atividades do movimento no país o dia 29 de novembro de 1914, quando foi instituída a Associação Brasileira de Escoteiros (ABE), com sede em São Paulo. A UEB foi criada em 1924 e seu primeiro presidente foi Affonso Penna Jr.

De de acordo com o site da entidade, o movimento existe em 607 cidades que reúnem há 1.265 grupos, cerca de oitenta mil escoteiros, enquanto vinte mil adultos prestam serviço voluntário (um adulto para cada três jovens). 

            Na Praça da República em São Paulo, há um busto do fundador do escotismo, doado à cidade pela UBE, por ocasião do centenário de nascimento de Baden-Powell. Obra em bronze sobre pedestal de granito do escultor Vicente Larocca.

            Bons relações públicas do movimento são Huguinho, Zezinho e Luizinho, os sobrinhos do Pato Donald – escoteiros que vivem muitas aventuras em acampamentos sempre com o “Manual do Escoteiro Mirim” debaixo da asa para sair das enrascadas. Maurício de Souza também trabalhou com o tema, mostrando em uma das aventuras do Cebolinha em que o personagem se entusiasma ao descobrir o significado do escotismo.

        

Praça da República. Foto: Hilda Araújo, 24/07/2023.

 





segunda-feira, 22 de abril de 2024

DIA DA TERRA


 Blue Marble  a primeira foto da nossa casa foi feita pela tripulação da Apollo 17 a caminho da Lua em  7/12/1972.  Foto NASA.

domingo, 21 de abril de 2024

AYRTON SENNA, A LENDA.

 




“Hoje – Neste dia de 1985, chovia a cântaros. Numa pista do Autódromo do Estoril completamente alagada, um jovem piloto brasileiro, ao volante de um Lotus que estava muito longe de ser competitivo, obtinha a sua primeira vitória num GP de Fórmula 1. Começava a lenda de Ayrton Senna, brutalmente interrompida nove anos depois.”  (SAPO, portal de notícias português.)