O Banespa ao fundo com a bandeira no topo e à direita o Martinelli, vistos da Praça do Correio. Foto: H. Araújo, 2018. |
A beleza e a elegância
do Edifício Martinelli venceram as barreiras do tempo. O imigrante italiano
Giuseppe Martinelli (1879-1946) decidiu presentear São Paulo com o mais alto
arranha-céu da America do Sul como agradecimento à oportunidade de trabalho e
sucesso, que a cidade lhe propiciou ao longo de duas décadas. Ele era
proprietário da Lloyd Nacional, na época dona de vinte e dois navios. A notícia
de que o arranha-céu do Comendador Martinelli teria doze andares causou
um frisson geral, afinal em 1922 os poucos prédios altos da
cidade tinham cinco andares. O local escolhido era dos mais nobres da Capital:
o terreno da Avenida São João entre as ruas São Bento e Libero Badaró. O
arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena, fez o
projeto e os detalhes da fachada foram desenhados pelos irmãos Lacombe; o
cimento da construção foi importado da Noruega e da Suécia; noventa artesãos
italianos e espanhóis cuidaram do acabamento. A inauguração do edifício
aconteceu em 1929 com os doze andares previstos, mas inacabado porque
Martinelli almejava concluir o prédio com trinta andares. Após muita polêmica e
até o embargo da obra por não ter licença e infringir leis municipais, uma
pendenga na justiça e muita politicalha, a questão foi parar nas mãos de uma
comissão técnica que limitou a altura do Martinelli a 25 andares. O comendador
não desistiu dos 30 andares e no estilo (ou jeito) ítalo-brasileiro, quando
chegou ao 25º, usou o topo para construir a casa da família com cinco andares.
Em 1934 o prédio de 150 metros de altura estava concluído. Um luxo único na
cidade. O embasamento revestido de granito vermelho; o corpo pintado em três
tons de rosa e recoberto de massa cor-de-rosa – uma mistura de vidro moído,
cristal de rocha, areia pura e pó de mica, o que fazia a fachada cintilar à
noite. Oswald de Andrade apelidou-o de “bolo de noiva”.
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