“Rainha das Províncias e o Empório das riquezas do
mundo”
O
francês chegou, gostou do que viu e, depois de um papo com os tupinambás,
inimigos dos portugueses que mantinham à distância, considerou boa a oportunidade
de instalação de uma extensão da França nos trópicos, ali na baía da Guanabara.
Nicolas-Durand de Villegagnon (1510-1571), diplomata e oficial naval, voltou
para a terra natal e convenceu o rei Henri II do projeto de fundar a França
Antártica. Com as bênçãos do rei, organizou a expedição: três naus fortemente
armadas, um grupo de 290 colonos e, naturalmente, o almirante Gaspard de
Coligny (1519-1572) para dar suporte à empreitada. No bolso, o plano de chamar
de Henriville a esse núcleo tropical da França.
Jean de Léry, membro da expedição, escreveu
que “(...) Villegagnon prometeu a alguns
honrados personagens que o acompanharam, fundar um puro serviço de Deus no
lugar em que se estabelecesse. E depois de aliciar os marinheiros e artesãos
necessários, partiu em Maio de 1555, chegando ao Brasil em novembro, após
muitas tormentas e toda a espécie de dificuldades.” O grupo se instalou na ilha
de Serigipe e
imediatamente começou a construção do forte ao qual Villegagnon denominou “Forte Coligny” – ah! o irreprimível o lado bajulador
dele.
Ilha de Villegagnon: Louis Le Breton (1818-1866), obra de 1848. |
O sonho da França Antártica durou menos de doze
anos. Em 1560, na ausência de Villegagon (um sobrinho dele o substituiu), houve
o primeiro confronto entre portugueses, franceses e selvícolas divididos entre
um e outro invasor. O forte foi destruído, mas os portugueses e seus aliados
recuaram e os franceses retomaram suas posições. Para encurtar a história, o
governador geral do Brasil Mem de Sá resolveu por um ponto final na encrenca e encarregou da missão
o sobrinho dele, Estácio de Sá (1520-1567).
Depois de várias vitórias contra os franceses,
Estacio de Sá se instalou entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar e, no dia
1º de março de 1567, conclamou: “Levantemos essa Cidade que ficará por memória do nosso
heroísmo, e de exemplo de valor às vindouras gerações, para ser a Rainha das
Províncias e o Empório das riquezas do mundo”. Assim, ele fundava a cidade São Sebastião do Rio de Janeiro. O nome
homenageava o rei D. Sebastião (1554-1578) e o santo, embora nem fosse o dia
dele. Para quem gosta de curiosidades, Estacio de Sá morreu no dia de São
Sebastião, 20 de janeiro, vítima de uma flechada.
Foi desse modo que escapamos de
termos uma cidade chamada Henriville! O local da fundação do Rio de Janeiro, na Urca, faz parte do
complexo histórico da Fortaleza de São João, sede do Centro de Capacitação
Física do Exército e, portanto, visitas devem ser agendadas. A ilha de Serigipe
hoje se chama Villegagnon e no lugar do Forte Coligny foi construída em 1695 a Fortaleza de São Francisco Xavier ou Nossa
Senhora da Conceição de Villegagnon.
Vista da Igreja da Glória. Painel atribuído ao pintor e arquiteto carioca Leandro Joaquim (1738-1798). A igreja foi concluída em 1730. Museu de História Nacional.
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