Von Bülow e a esposa Anna Luise Schaumann, 1905. |
O
primeiro morador da Avenida Paulista foi o cervejeiro dinamarquês Adam
Ditrik Von Bülow (1840-1923). O cavalheiro em questão veio para o Brasil em
1865 e em 1867 mudou para São Paulo para dar aulas em uma escola alemã. Mais dois
anos e Von Bülow foi para Santos trabalhar na importadora Budich & Co. e
mais tarde tornou-se sócio da empresa. Os negócios progrediram e em 1876 ele fundou a
Zerrenener, Bülow & Cia., especializada em importação de cevada, lúpulo e
equipamentos para beneficiamento de cerveja. O principal cliente dele era a
Cia. Antárctica Paulista, cervejaria fundada em 1891 por Joaquim Salles, Luiz
Campos Salles, José A. Cerqueira, Luiz de Toledo Pizza, Antonio Penteado e José
Penteado Nogueira. Quando a Antárctica começou a ter problemas financeiros, Von
Bülow assumiu a presidência da empresa.
Bem sucedido, o dinamarquês encomendou o projeto da casa (nº 91)
para a nova avenida (entre as Alamedas Campinas e Joaquim Eugênio de Lima) ao
arquiteto alemão Augusto Fried em 1895. De linhas elegantes e sóbrias, o
palacete tinha um torreão que foi muito útil para o fotógrafo suíço Guilherme
Gaensly (1843-1928) tirar belas fotos da Paulista em franco crescimento. O
palacete foi demolido em meados do século passado, sendo substituído pelo
Edifício Pauliceia (1959).
Um dos vizinhos de Von Bülow foi o médico Nicolau Mendes Barros
(1876). Ele era casado com dona Francisca Paulino Nogueira de Moraes Barros,
filha do banqueiro José Paulino Nogueira, diretor da Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro. Contratou o escritório de Ramos de Azevedo para execução do
projeto em 1902. O terreno tinha frente para Paulista e fundos para a Rua São
Carlos do Pinhal. A lateral dava para a Alameda Rio
Claro.
A casa ficava em meio a um jardim, com um bosque ao lado. Havia
dois alpendres e um deles dava acesso ao vestíbulo, seguindo-se uma saleta, o
sala de visitas, sala de jantar e escritório. No vestíbulo também ficava a
escada para o piso superior. Cozinha, copa, despensa e toilette separado
do banheiro encontravam-se nos fundos atrás da sala de jantar. No andar de
cima, o dormitório do casal, dois quartos de vestir, o quarto das moças com
lavatório, o quarto dos moços. A governante dormia com as meninas. Havia um
banheiro apenas. O mobiliário era importado de Londres e Paris ou feito pelo
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. O enxoval da casa era francês. A edícula
tinha dupla função: os quartos eram usados pelos empregados enquanto a sala de
jantar foi transformada pelos rapazes em sala de ginástica. Interessante que o
copeiro da família também era japonês. Quando os filhos casaram, Mendes Barros
construiu uma casa para cada um na área dos jardins. A família permaneceu no
mesmo endereço até 1972.
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