Nesse mostruário de arquitetura contemporânea, em que se transformou a
Avenida Paulista, há muitas surpresas para apreciadores da natureza. Como o belo
jardim do Hospital Santa Catarina que tem 3 925 metros
quadrados, com uma pequena área aberta ao público entre a entrada do
estacionamento e a capela; porém, com o agendamento de uma visita é possível conhecer a área principal. Nesse
espaço cheio de tranquilidade, existem 100 tipos de plantas: além de rosas e
orquídeas, há hortênsias, gardênias, jasmim, antúrios e camélias entre cerca
de 180 árvores – ciprestes, cerejeiras e pinheiros –, e palmeiras. Uma delicada
escultura de São Francisco de Assis se destaca em meio ao verde e mais adiante há
um insólito grupo de anõezinhos. Nos fundos, encontram-se uma gruta e um lago com
carpas coloridas. Sabiás, periquitos, bem-te-vis, beija-flores, rolas, pardais
e papagaios se encarregam de alegrar o ambiente com seus gorjeios e cantorias. Inaugurado
em 6 de fevereiro de 1906, como Sanatório, o Hospital Santa Catarina foi criado
por iniciativa da Irmã Beata Heinrich, do
médico austríaco Walter Seng e de Dom Miguel Kruse. A visita agendada
inclui o acervo histórico da instituição, como fotos de época, mobiliário, objetos
usados pelas equipes médicas e mesmo artigos pessoais. Avenida Paulista, 200.
Telefone para agendamento: 11-3016-4155. Metrô Brigadeiro.
Do outro lado da avenida, há o famoso jardim que se sobrepõe ao Espaço Haroldo
de Campos de Poesia e Literatura mais conhecido como “Casa das Rosas”. O palacete
de 1935, que leva assinatura de Ramos de Azevedo, está bem preservado e a
iniciativa de tornar o jardim em passagem da Avenida Paulista para a Alameda
Santos foi muito bem sucedida. Na edícula, funciona um café sempre cheio.
Avenida Paulista, 37. Metrô Brigadeiro.
Vale a pena observar o prédio da esquina da Avenida
Paulista (altura do nº 1230) com a Rua Pamplona até a Rua São Carlos do Pinhal,
onde a calçada se destaca pela beleza do ajardinamento simples. O pedestre pode
caminhar pela calçada junto da pista de carros ou subir alguns degraus para
desfrutar de tranquilidade, sentando-se em um dos bancos para uma pausa, uma
leitura ou um sorvete amigo. Metrô Trianon-MASP.
Mais
adiante, do lado esquerdo da avenida, encontra-se o Parque Municipal Prefeito
Mario Covas, criado em 2010. Com 5.396 m², a área fazia parte da propriedade do advogado René
Thiollier (1882-1968) – organizador da Semana de Arte Moderna e um dos
fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia – TBC. Ao vender o imóvel a família
exigiu, em escritura pública, que toda a área verde fosse preservada. A cidade
agradece. O visitante desfruta de um bosque agradável em que se destacam o
pinheiro-do-paraná, figueira-da-índia, cafeeiro, cedro, mangueira, paineira
etc.
Avenida Paulista,
1853. Metrô Trianon-MASP.
Quem jura que o Trianon fica na Avenida Paulista, engana-se. O endereço
é Rua
Peixoto Gomide, 949. Mas não faz mal, porque ninguém escreve para o Fauno, escultura de Victor
Brecheret que se encontra no Parque. A obra é de 1941/42. Trianon era a denominação do belvedere que existia
na área que o MASP ocupa como escrevi antes; o bosque em frente ao belvedere já
estava destinado por Joaquim Eugênio de Lima (pai da avenida) para ser um
parque, que foi criado pelo paisagista Barry Parker e era uma complementação do
Trianon. Em 1931 a área ganhou o nome de Parque Tenente Siqueira Campos, em
homenagem ao militar, que participara a Revolta do Forte de Copacabana (1922) e
acabara de morrer em acidente de avião. Ninguém ligou para o nome novo. Assim, o
Trianon resistiu. E resistiu bravamente a todas as mudanças da Avenida Paulista.
As autoridades desistiram.
Ele tem 48.600 m² de vegetação remanescente de Mata Atlântica (há algumas exóticas).
Existem 135 espécies registradas – destas oito estão ameaçadas como a cabreúva
e o chichá. Vale a pena conhecer o araribá-rosa, o cedro e o jequitibá entre
várias outras árvores nativas. A fauna é pobre, afinal, bem mais difícil para
os animais se adaptarem a um ambiente tão urbano quanto a Avenida Paulista. A
Prefeitura registra principalmente a presença de “seres alados”: sete espécies de
morcegos e duas de borboletas (só, felizmente) e 28 de aves – entre as quais alma-de-gato, pitiguari, quiri-quiri, saíra-amarela e
tico-tico. Há também a rãzinha-piadeira,
característica de Mata Atlântica. O parque ocupa duas quadras da Avenida
Paulista à Alameda Jaú. Uma passarela sobre a Alameda Santos mantém a sua
unidade.
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