sábado, 27 de outubro de 2018

A FIGUEIRA DA GLETE

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo foi fundada em 1934. Nasceu com um corpo docente de primeiro mundo, mas sem teto. Assim, a missão francesa formada pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss,o historiador Roger Bastide, o cientista político Paul Arbousse, o filósofo Jean Mauqüé deram aulas nos prédios da Faculdade de Medicina e da Escola Politécnica que, gentilmente, abriram espaço para a nova Faculdade, a celula mater da recém-criada Universidade de São Paulo.
Palacete Jorge Street.
Sem um local em que pudesse reunir todos os departamentos, no segundo semestre de 1937, começaram as mudanças de um prédio para outro até que, enfim, a Faculdade de Filosofia conseguiu funcionar adequadamente com sua estrutura integral no histórico edifício da Rua Maria Antônia, 258, Vila Buarque. 
Um dos endereços famosos da FFLCH foi o Palacete Jorge Street, na esquina da Alameda Glete com a Rua Guianases, nos Campos Elíseos. Ali foi instalada a seção de Historia Natural, que incluía Biologia, Botânica, Mineralogia, Paleontologia e Zoologia.
Tudo isso para contar que o Palacete Jorge Street já foi derrubado há muito tempo para dar espaço para mais um estacionamento e ninguém por ali se lembra desses acontecimentos. Há, entretanto, uma testemunha muda: a frondosa figueira que se debruça, preguiçosamente, para a calçada da Rua Guaianazes.
A figueira da Glete é a menina dos olhos da professora aposentada Dona Neuza de Carvalho Guerreiro, que se formou em Biologia nos tempos em que o departamento de Historia Natural da FFLCH ainda era no palacete. Preocupada com o destino da árvore, vez por outra ela vai até lá ver como estão tratando aquele gigante verde que se agita apenas quando os ventos sopram com mais força e ouve-se, então, o murmúrio de suas folhas.
Uma placa identifica a árvore e informa o “Tombamento pelo Processo Administrativo nº 2004-0.059.033-2 de 26 de dezembro de 2007”. Todos esperam que a figueira seja preservada e devidamente respeitada. Na última visita, Dona Neusa de Carvalho Guerreiro ficou muito triste ao ver a figueira transformada em depósito de lixo. Ontem, o lixo que havia estava junto ao muro e escondido pelos veículos.

Um comentário:

Neuza Guerreiro de Carvalho disse...

aa por me entender e ajudar com o problema da Figueira. Continuo trabalhando pelo reconhecimento da Figueira como referencia à Universidade de São Paulo. Esta semana estarei dando mais alguns passos.