sexta-feira, 26 de outubro de 2018

"Tão longe de mim distante..."


A ideia de fotografar os três principais rios de São Paulo acabou proporcionando um passeio de descobertas dos meandros dessa cidade. O paulistano não se relaciona com os seus cursos d’água. Descobri, por exemplo, que há quase trezentos rios, riachos e córregos nesta megacidade, quase todos soterrados por urbanistas para evitar enchentes que assolam a região muito antes de o português colocar os pés por aqui. Essa luta contra a natureza parece que só funcionava nas pranchetas, pois em pleno século XXI a população se preocupa quando chegam as chuvas de verão. Na verdade, nem precisa ser verão para inundações acontecerem. Os três grandes rios que sobraram (Pinheiros, Tamanduateí e Tietê) sofreram todo tipo de intervenção e, descaracterizados, tiveram as águas límpidas de antigamente transformadas em esgoto, perderam a vida.
Marginal Pinheiros, a ferrovia e ciclovia e o rio...
Ao contrário das grandes cidades da Europa, onde se pode caminhar às margens dos rios como o Sena ou o Tejo, em São Paulo as vias marginais são dos veículos. Esse distanciamento do morador com os rios é bem triste. A maioria nem sabe identificá-los. Assim, quando perguntei por um caminho mais fácil para chegar ao riacho do Ipiranga em frente ao monumento à Independência, me fizeram dar uma volta enorme para chegar ao... rio Tamanduateí! O jeito foi caminhar pela Rua dos Patriotas até o Parque.
Será que o passageiro da linha Esmeralda da CPTM observa o rio Pinheiros do vagão de trem? Apesar de estar morto e desprender forte mau cheiro tem um entorno surpreendentemente bonito.
Ah! O Tietê! Costumo vê-lo do Metrô quando vou à Zona Norte. Nas imediações do Centro Esportivo Tietê (antigo Clube de Regatas Tietê), pergunto a um senhor, que diz morar há trinta anos no bairro, qual o caminho para fotografar o encontro do Tamanduateí com o Tietê. Sei que estou perto. O encontro é bem em frente ao Estádio Municipal de Basebol Mie Nishi. Mas ele me garante que poderei ver da Ponte da Casa Verde. Agradeço. Voltarei outro dia.
Observação: O título foi tirado da composição "Quem sabe", de Carlos Gomes (1836-1896).

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