A ideia de
fotografar os três principais rios de São Paulo acabou proporcionando um
passeio de descobertas dos meandros dessa cidade. O paulistano não se relaciona
com os seus cursos d’água. Descobri, por exemplo, que há quase trezentos rios,
riachos e córregos nesta megacidade, quase todos soterrados por urbanistas para
evitar enchentes que assolam a região muito antes de o português colocar os pés
por aqui. Essa luta contra a natureza parece que só funcionava nas pranchetas,
pois em pleno século XXI a população se preocupa quando chegam as chuvas de
verão. Na verdade, nem precisa ser verão para inundações acontecerem. Os três
grandes rios que sobraram (Pinheiros, Tamanduateí e Tietê) sofreram todo tipo
de intervenção e, descaracterizados, tiveram as águas límpidas de antigamente
transformadas em esgoto, perderam a vida.
Marginal Pinheiros, a ferrovia e ciclovia e o rio... |
Ao contrário das grandes cidades da Europa, onde se pode caminhar às
margens dos rios como o Sena ou o Tejo, em São Paulo as vias marginais são dos
veículos. Esse distanciamento do morador com os rios é bem triste. A maioria
nem sabe identificá-los. Assim, quando perguntei por um caminho mais fácil para
chegar ao riacho do Ipiranga em frente ao monumento à Independência, me fizeram
dar uma volta enorme para chegar ao... rio Tamanduateí! O jeito foi caminhar
pela Rua dos Patriotas até o Parque.
Será que o passageiro da linha Esmeralda da CPTM observa o rio Pinheiros
do vagão de trem? Apesar de estar morto e desprender forte mau cheiro tem um
entorno surpreendentemente bonito.
Ah! O Tietê! Costumo vê-lo do Metrô quando vou à Zona Norte. Nas
imediações do Centro Esportivo Tietê (antigo Clube de Regatas Tietê), pergunto
a um senhor, que diz morar há trinta anos no bairro, qual o caminho para
fotografar o encontro do Tamanduateí com o Tietê. Sei que estou perto. O encontro
é bem em frente ao Estádio Municipal de Basebol Mie Nishi. Mas ele me garante que poderei ver da Ponte da Casa Verde.
Agradeço. Voltarei outro dia.
Observação: O título foi tirado da composição "Quem sabe", de Carlos Gomes (1836-1896).
Nenhum comentário:
Postar um comentário