Em meados do
século passado costumava-se perguntar o que estava na moda antes de atualizar o
guarda-roupa; nestes tempos de século XXI, não se precisa mais ter essa
preocupação. Qualquer coisa serve. Tanto para homens como mulheres. Pelo menos
é o que observo ao caminhar pela cidade, viajar de metrô ou ônibus. As mulheres
podem simplesmente vasculhar o baú das bisavós e saírem com qualquer peça que
encontrarem para compor o visual – até a fantasia de um carnaval dos anos
cinquenta... E o resultado nem sempre é desastroso.
Nesse cenário, o
jeans ainda reina. Ele veste homens e mulheres, jovens e velhos, gordos e
magros, altos e baixos. Levi Strauss (1829-1902), o idealizador da calça jeans
para os mineiros que procuravam ouro no Oeste dos Estados Unidos, ficaria
surpreso ao saber que a peça se tornou obrigatória em todos os guarda-roupas do
mundo. O jeans ganhou o mundo acidentalmente em 1955, ano do lançamento do
filme “Juventude Transviada” em que o ator James Dean (1931-1955) interpreta um
jovem rebelde sem causa. Melhor peça publicitária impossível.
Acima de tudo o
jeans é funcional, mas seduziu até os grandes nomes da moda, como Hermès e
Lauren. Em 1974, o Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque promoveu uma
exposição com as peças premiadas em um concurso sobre “Metamorfoses do Jeans”. Agora,
jeans rasgados ou esgarçados predominam e eu me pergunto o que leva alguém a
pagar por algo deteriorado? Minhas roupas velhas nunca chegam a esse estado.
Enfim, gostei
demais do que escreveu a crítica Claudine Elsykman sobre a mostra de Nova York:
“O traje é um tecido exagerado que modela o corpo numa dramaturgia de
calvário-sedução; o jeans surgiu quando o corpo sem artifícios encontrou o
tecido sem referência”.
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