terça-feira, 9 de outubro de 2018

UM REBELDE DOMADO


    Em meados do século passado costumava-se perguntar o que estava na moda antes de atualizar o guarda-roupa; nestes tempos de século XXI, não se precisa mais ter essa preocupação. Qualquer coisa serve. Tanto para homens como mulheres. Pelo menos é o que observo ao caminhar pela cidade, viajar de metrô ou ônibus. As mulheres podem simplesmente vasculhar o baú das bisavós e saírem com qualquer peça que encontrarem para compor o visual – até a fantasia de um carnaval dos anos cinquenta... E o resultado nem sempre é desastroso.
    Nesse cenário, o jeans ainda reina. Ele veste homens e mulheres, jovens e velhos, gordos e magros, altos e baixos. Levi Strauss (1829-1902), o idealizador da calça jeans para os mineiros que procuravam ouro no Oeste dos Estados Unidos, ficaria surpreso ao saber que a peça se tornou obrigatória em todos os guarda-roupas do mundo. O jeans ganhou o mundo acidentalmente em 1955, ano do lançamento do filme “Juventude Transviada” em que o ator James Dean (1931-1955) interpreta um jovem rebelde sem causa. Melhor peça publicitária impossível.

    Acima de tudo o jeans é funcional, mas seduziu até os grandes nomes da moda, como Hermès e Lauren. Em 1974, o Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque promoveu uma exposição com as peças premiadas em um concurso sobre “Metamorfoses do Jeans”. Agora, jeans rasgados ou esgarçados predominam e eu me pergunto o que leva alguém a pagar por algo deteriorado? Minhas roupas velhas nunca chegam a esse estado.
    Enfim, gostei demais do que escreveu a crítica Claudine Elsykman sobre a mostra de Nova York: “O traje é um tecido exagerado que modela o corpo numa dramaturgia de calvário-sedução; o jeans surgiu quando o corpo sem artifícios encontrou o tecido sem referência”.

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