Foto: Hilda Prado Araújo. |
ANHANGABAÚ
“Estes meus parques do Anhangabaú
ou de Paris,
onde as tuas águas, onde as mágoas
dos teus sapos?
“Meu pai foi rei!
— Foi. — Não foi. — Foi. — Não
foi."
Onde as tuas bananeiras?
Onde o teu rio frio encanecido
pelos nevoeiros,
contando histórias aos sacis?...”
“Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade
(1843-1945).
No princípio, o Anhangabaú era um rio, afluente do
Tamanduateí; mas a cidade queria crescer e tomou o espaço do rio. Assim, quando
você passar pelo Vale pode dizer:
“Mais abaixo que eu
Sempre mas abaixo que eu se encontra a água [... ] passiva e
obstinada em seu único vício: a gravidade.*”
O único vício do velho Anhangabaú foi certamente correr em
direção ao seu destino cortando um caminho ambicionado pelo homem que não hesitou
em enterrá-lo vivo para realizar seu projeto...
Há muito tempo é um endereço. Acima: panorama do Vale do Anhangabaú a partir do Edifício Martinellim com o prédio dos Correios no centro.
*“O partido das coisas”, do
poeta francês Francis Ponge (1899-1988).
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