sábado, 20 de outubro de 2018

RIOS PAULISTANOS


Foto: Hilda Prado Araújo.

ANHANGABAÚ

“Estes meus parques do Anhangabaú ou de Paris,
onde as tuas águas, onde as mágoas dos teus sapos?
“Meu pai foi rei!
— Foi. — Não foi. — Foi. — Não foi."
Onde as tuas bananeiras?
Onde o teu rio frio encanecido pelos nevoeiros,
contando histórias aos sacis?...”

 “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade (1843-1945).

No princípio, o Anhangabaú era um rio, afluente do Tamanduateí; mas a cidade queria crescer e tomou o espaço do rio. Assim, quando você passar pelo Vale pode dizer:  

“Mais abaixo que eu
Sempre mas abaixo que eu se encontra a água [... ] passiva e obstinada em seu único vício: a gravidade.*”

O único vício do velho Anhangabaú foi certamente correr em direção ao seu destino cortando um caminho ambicionado pelo homem que não hesitou em enterrá-lo vivo para realizar seu projeto... 

Há muito tempo é um endereço. Acima: panorama do Vale do Anhangabaú a partir do Edifício Martinellim com o prédio dos Correios no centro. 

Theatro Municipal: uma vista para o Vale.


*“O partido das coisas”, do poeta francês Francis Ponge (1899-1988).

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