quarta-feira, 31 de outubro de 2018

E VIVA O SACI!

O Estado de São Paulo comemora hoje o Dia do Saci, assim como várias cidades brasileiras, mas até hoje o projeto de lei para a criação do Dia Nacional do Saci não foi aprovado pela Câmara Federal. Quem é o Saci? Um brasileiro, acima de tudo. Ele é um garoto negro com nome indígena e tem uma perna só, fuma cachimbo e usa uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de aparecer e desaparecer aonde quiser. Nem é preciso dizer que é travesso como toda criança. Adora assobiar e pregar peças nas pessoas.
Saci no traço de Ziraldo.
A lenda, a assim como o nome, varia conforme a região do Brasil: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Mati-taperê, Matiaperê, Matim Pererê, Matintaperera, Capetinha da Mão Furada etc. Conta-se também que ele costuma se transformar em passarinho como o Mati-taperê ou Sem-fim – conhecido no nordeste como Peitica.
Nas palavras de Monteiro Lobato: “O saci é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo mundo, armando reinações de toda sorte e atropelando quanta criatura existe. Traz sempre na boca um pitinho aceso, e na cabeça uma carapuça vermelha. A força dele está na carapuça, como a força de Sansão estava nos cabelos”. Ele conta que o Saci faz tantas reinações quanto pode: “azeda o leite, quebra pontas das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa, queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas. Quando encontra um prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa. Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do saci. Não contente com isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos no pasto, chupando o sangue deles. O saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça”.
O relato faz parte do livro “O Saci”, em que o autor envolve Pedrinho, Narizinho e Emilia em aventuras com vários personagens do folclore brasileiro, como a Cuca, o Boitatá e até a Iara. Não acreditam em Saci? Está desatualizado, pois existe até a Sociedade dos Observadores de Saci (SOSACI) de São Luis de Paraitinga (SP), que vem conquistando um número crescente de fãs. E imagine que a Associação Nacional dos Criadores de Saci – ANCS, com sede em Botucatu, há mais de 20 anos, mantém uma fazenda de criação de Sacis, segundo o fundador, José Oswaldo Guimarães.
Há um Saci aqui em casa que esconde canetas, óculos, chaves e, como deve ser letrado, costuma sumir com meus livros. 
E viva o Saci!


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