sexta-feira, 15 de novembro de 2019

ESPAÇO DE CULTURA

R. Xavier de Toledo: ao fundo o painel de Tomie Ohtake.
Na Rua Xavier de Toledo, os prédios formam um paredão pouco atraente, exceto pelo simpático Hotel Amália e o prédio da Previdência Social. Privilegiado mesmo é o Edifício Santa Mônica que é suporte do painel de Tomie Ohtake (1913-2015) de 55 metros de altura por 22 metros de largura. Obra de 1984, executada pelo arquiteto José Roberto Graciano (EMURB) com patrocínio do extinto Banco Nacional. Xavier de Toledo 161, junto à Estação Anhangabaú do metrô. Ou como querem outros, Ladeira da Memória.
Nesse ponto, há vários caminhos a seguir. A Rua Xavier de Toledo termina na Rua Bráulio Gomes e começa a Rua da Consolação. E não poderia começar melhor: ali se localiza a Biblioteca Mário de Andrade, projeto original do arquiteto Jacques Pilon (1905-1962), alterado pelo Prefeito Prestes Maia. Ela é a segunda maior biblioteca brasileira com um acervo de
O prédio de 1942 tem o poeta português Luís de Camões como guardião impávido na frente do jardim que rodeia o edifício e, não fosse a grade, se confundiria com o jardim da Praça Dom José Gaspar ‒ esta, povoada de figuras do mundo literário e até musical: Miguel Cervantes, sentado, observa o transito alucinado da Consolação. (Os tempos de Rocinante se foram.) Dante Alighieri parece perdido no jardim, talvez procurando a sua Beatriz. São homenageados também Johann Wolfgang von Goethe e o compositor polonês Frédéric Chopin*.
  

Ainda na Rua Bráulio Gomes há o Edifício Thomas Edson, de linhas sóbrias e elegantes, também tem muita história para contar. Ali, foi um reduto de três italianos que mexeram com a paisagem urbana paulistana e deram uma importante contribuição para a vida cultural da cidade. Em 1948, Pietro Maria Bardi (1900-1999), a esposa Lina Bo Bardi (1914-1992) e Giancarlo Palanti (1906-1977) instalaram o “Studio de Arte Palma”, inspirado no estúdio que Pietro Maria Bardi tivera em Roma e do qual fora presidente antes da aventura brasileira. O casal Bardi chegou ao Brasil a negócios em 1946 e foi cooptado por Chateaubriand logo ao desembarcar no Rio de Janeiro. Quanto a Palanti, que era arquiteto como Lina, desembarcou em Santos como imigrante em 1946. Ele desenhou vários projetos de arquitetura, inclusive o do Edifício Chipre-Gibraltar (Avenida Paulista, 2494, esquina com a Rua da Consolação). O prédio de 1955 tem dois blocos de 12 pavimentos e uso misto.
Fotos: Hilda Araújo.

Rua Bráulio Gomes, 66

*Autores: Camões (1946), obra de José Cucê;Cervantes (1947), obra de Rafael Galvez; Dante (1955), Bruno Giorgi; Goethe (1976), de Tao Sigulda; e Frédéric Chopin (1954), autor desconhecido.

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