Continuo o passeio pela Barão de Itapetininga que tem
cerca de 68 prédios, todos
comerciais, cinco com galerias. Há muito a descobrir. O Edifício Casa
Alves de Lima, por exemplo, começou a ser construído em 1900. A obra levou
cinco anos para ser concluída, mas os ramos de café nas sacadas e o mármore de Carrara
nos pisos dão uma ideia do luxo da casa que abrigou a família Alves de Lima até
os anos de 1950. Na década de 1960, eles mudaram o prédio de residencial para comercial
e dividiram os nove andares em 248 unidades.
Rua Barão de Itapetininga, 50.
O Edifício ITÁ está ligado ao Edifício R. MONTEIRO, situado na Rua Vinte e Quatro de Maio por uma galeria que liga as duas ruas. O R. Monteiro é obra do
escritório Rino
Levi Arquitetos Associados. Rino Levi (1901-1965) foi um dos mais importantes nomes da arquitetura
moderna brasileira. Logo na entrada as escadas rolantes centralizadas conduzem ao mezanino onde há restaurantes e lojas. O elemento de destaque na galeria é
a parede de ladrilhos verdes, criada por Burle Marx, amigo e colaborador de
Levi. O prédio foi concluído em 1949.
Rua Barão de Itapetininga, 50.
Entrada da Livraria Calil, no 9º andar. |
A galeria do EDIFÍCIO ITÁ merece uma visita Há várias lojas, inclusive uma joalheria.
No 9º andar encontra-se a Livraria Calil Antiquária. Fundada há 74 anos, é a
mais antiga livraria de livros usados de São Paulo. Na fachada do prédio, há uma
vitrine com algumas amostras do que se encontrará na loja: livros usados,
edições esgotadas e obras raras, mapas, gravações, manuscritos... Ao sair do
elevador, o amante de livros tem um tapete estendido para recebê-lo. Um paraíso
para colecionadores, apreciadores de boa leitura e gravuras e pesquisadores de
raridades editoriais.
Enfim, o EDIFÍCIO E GALERIA CALIFÓRNIA, um marco
da arquitetura brasileira. Projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012) e Carlos Lemos
(1925). A obra foi entregue em 1955 e causou impacto pelo contraste com os
prédios vizinhos. Basta um olhar mais atento para perceber o estilo Niemeyer
nas colunas em forma de V na fachada. Com duas entradas ‒ a outra pela Rua Dom
José de Barros ‒, o prédio tem treze andares e um jardim suspenso interno com
mural do arquiteto Cerqueira Lemos. Para a paredes de acesso ao subsolo, Cândido Portinari criou um mosaico de 250m². Niemeyer entendia que “A beleza também é uma função”.
Nem é preciso dizer que o estilo moderno da construção gerou muita polêmica.
Nem é preciso dizer que o estilo moderno da construção gerou muita polêmica.
Na galeria, o mosaico
de Cândido Portinari.
O novo edifício foi endereço das primeiras galerias
de arte da cidade e se tornou um atrativo com um comércio atuante e diferenciado
‒ de barbearia até o estúdio MAGISOM do radialista Gilberto Martins que
produzia jingles para rádio. No subsolo, instalou-se o Cine Barão, da Cia.
Cinematográfica Hawaii, inaugurado em 1962, com o filme “Começou em Nápoles”
(1961), de Melville Shavelson, com Clarck Gable, Sofia Loren e Vittorio De
Sica. Anos depois (?) o cinema fechou e voltou a funcionar em 16 de março de
1992, com o filme “Bugsi” (1991), dirigido por Leslie McDonald, com Warren
Beatty. Atualmente, é o espaço cultural da UNIESP. Muito bom flanar pela
galeria, ampla, arejada e bem iluminada e observar os detalhes da construção.
Comércio variado que vai desde uma loja de artesanato brasileiro, sapataria, lanchonete e até
uma loja de vídeos adultos.
O Edifício e Galeria
Califórnia foi a primeira obra de Niemeyer em São Paulo. Tombado pelo Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do
Estado de São Paulo.
Rua Barão de Itapetininga, 255.
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