domingo, 3 de novembro de 2019

JOIAS DA BARÃO DE ITAPETININGA

Continuo o passeio pela Barão de Itapetininga que tem cerca de 68 prédios, todos comerciais, cinco com galerias. Há muito a descobrir. O Edifício Casa Alves de Lima, por exemplo, começou a ser construído em 1900. A obra levou cinco anos para ser concluída, mas os ramos de café nas sacadas e o mármore de Carrara nos pisos dão uma ideia do luxo da casa que abrigou a família Alves de Lima até os anos de 1950. Na década de 1960, eles mudaram o prédio de residencial para comercial e dividiram os nove andares em 248 unidades.
Rua Barão de Itapetininga, 50.


Entrada da Livraria Calil, no 9º andar.
        O Edifício ITÁ está ligado ao Edifício R. MONTEIRO, situado na Rua Vinte e Quatro de Maio por uma galeria que liga as duas ruas. O R. Monteiro é obra do escritório Rino Levi Arquitetos Associados. Rino Levi (1901-1965) foi um dos mais importantes nomes da arquitetura moderna brasileira. Logo na entrada as escadas rolantes centralizadas conduzem ao mezanino onde há restaurantes e lojas. O elemento de destaque na galeria é a parede de ladrilhos verdes, criada por Burle Marx, amigo e colaborador de Levi. O prédio foi concluído em 1949.
A galeria do EDIFÍCIO ITÁ merece uma visita Há várias lojas, inclusive uma joalheria. No 9º andar encontra-se a Livraria Calil Antiquária. Fundada há 74 anos, é a mais antiga livraria de livros usados de São Paulo. Na fachada do prédio, há uma vitrine com algumas amostras do que se encontrará na loja: livros usados, edições esgotadas e obras raras, mapas, gravações, manuscritos... Ao sair do elevador, o amante de livros tem um tapete estendido para recebê-lo. Um paraíso para colecionadores, apreciadores de boa leitura e gravuras e pesquisadores de raridades editoriais. 
Rua Barão de Itapetininga, 88. 

Enfim, o EDIFÍCIO E GALERIA CALIFÓRNIA, um marco da arquitetura brasileira. Projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012) e Carlos Lemos (1925). A obra foi entregue em 1955 e causou impacto pelo contraste com os prédios vizinhos. Basta um olhar mais atento para perceber o estilo Niemeyer nas colunas em forma de V na fachada. Com duas entradas ‒ a outra pela Rua Dom José de Barros ‒, o prédio tem treze andares e um jardim suspenso interno com mural do arquiteto Cerqueira Lemos. Para a paredes de acesso ao subsolo, Cândido Portinari criou um mosaico de 250m². Niemeyer entendia que “A beleza também é uma função”. 
Nem é preciso dizer que o estilo moderno da construção gerou muita polêmica. 
                                   Na galeria, o mosaico de Cândido Portinari. 

 O novo edifício foi endereço das primeiras galerias de arte da cidade e se tornou um atrativo com um comércio atuante e diferenciado ‒ de barbearia até o estúdio MAGISOM do radialista Gilberto Martins que produzia jingles para rádio. No subsolo, instalou-se o Cine Barão, da Cia. Cinematográfica Hawaii, inaugurado em 1962, com o filme “Começou em Nápoles” (1961), de Melville Shavelson, com Clarck Gable, Sofia Loren e Vittorio De Sica. Anos depois (?) o cinema fechou e voltou a funcionar em 16 de março de 1992, com o filme “Bugsi” (1991), dirigido por Leslie McDonald, com Warren Beatty. Atualmente, é o espaço cultural da UNIESP. Muito bom flanar pela galeria, ampla, arejada e bem iluminada e observar os detalhes da construção. Comércio variado que vai desde uma loja de artesanato brasileiro, sapataria, lanchonete e até uma loja de vídeos adultos.

O Edifício e Galeria Califórnia foi a primeira obra de Niemeyer em São Paulo. Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
Rua Barão de Itapetininga, 255.

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