Edifício São Nicolau. |
Um dos meus caminhos usuais passa pela
Praça da República. Um espaço verde com espelhos d’água que parece o lugar
ideal para exibir variados estilos de arquitetura. O prédio em estilo eclético do
antigo Colégio Caetano de Campos (1894) domina a paisagem. Projetado por Ramos
de Azevedo e Francisco de Paula Souza, ali atualmente funciona a Secretaria
Estadual de Educação. Atrás do colégio encontram-se os meus prédios preferidos
na praça: SÃO NICOLAU, na esquina com a Rua Araújo; o INTERCAP no meio e o SÃO
LUÍS, na esquina com a Avenida Ipiranga.
O Edifício SÃO NICOLAU, projetado pelo engenheiro Fortunato Ciampolini em estilo art déco, tem dois apartamentos por andar com 134 m² (dois quartos e uma ampla sala com sacada e vista para a praça). Foi concluído em 1948. Vale a pena parar e erguer o pescoço para admirá-lo. Praça da República, 123.
No meio, está o INTERCAP, um nome que engana, pois dá impressão de que se trata de um prédio comercial, já que INTERCAP era um banco de títulos de capitalização da família Mendes Caldeira, criadora também da Bolsa de Imóveis de São Paulo; entretanto, é residencial. O projeto do edifício foi encomendado ao arquiteto polonês Luciano Korngold (1897-1963) e a obra que foi concluída em 1951. Praça da República, 107. Praça da República, 107.
Chegamos
ao Edifício SÃO LUÍS. O projeto em estilo neoclássico, assinado por Jacques Pilon
(como ele trabalhou!), é da década de 1940. São 22 apartamentos com lareira e área
variando de 145 a 245 m². Um detalhe: os banheiros são revestidos de mármore
italiano. Uma curiosidade: o prédio tinha até abrigo antiaéreo que foi
transformado em caixa d’água. Um dos moradores foi o banqueiro e empresário imobiliário Otávio Frias de
Oliveira (mais tarde um dos sócios do Grupo Folha). O edifício é tombado. Praça da República,77.
Entre as ruas Araujo e
Marquês de Itu, um monstrengo de 22 andares parece querer abraçar a Praça da
República. Trata-se do EDIFÍCIO EIFFEL, inaugurado em 1956; foi o primeiro
projeto de moradias de luxo de Oscar Niemeyer para São Paulo, com colaboração
de Carlos Lemos. Explicam-me que o prédio tem um formato de livro semiaberto,
mas não consigo enxergar essa imagem. O prédio tinha algumas inovações para a
época, como apartamentos duplex, com entrada pelo andar superior onde ficam
sala e cozinha e no piso inferior, os quartos. Não duvido que seja muito
confortável, mas bonito externamente não é. Pelo menos para mim. Dizem que Niemeyer também
não gostou do resultado e até quis repudiar a criatura, mas...
O Edifício SÃO THOMAZ de linhas neoclássicas foi construído na
primeira metade da década de 1940 e não segue o alinhamento comum: está voltado
para a Praça, com os fundos para a Avenida São Luís. Além da beleza, a
posição o faz distinguir-se entre os vizinhos ‒ os edifícios Itália e Esther. O
projeto é de Wilson Maia Fina.
E por falar no EDIFÍCIO ESTHER... O prédio foi projetado pelos
arquitetos Álvaro Vital Brasil (1909-1997) e Ademar Marinho (1909-?) para ser o
novo escritório da Usina de Açúcar Esther (Cosmópolis/SP) do empresário Paulo de Almeida Nogueira, mas dispondo também de
unidades comerciais e residenciais. Concluído em 1938, agradou muito a
Mário de Andrade e não poderia ser diferente já que o Esther era o primeiro
prédio moderno da pauliceia. Enquanto a cobertura mantinha o “Jardim de Rosas”,
o subsolo estava mais para mariposas, que adejavam na boate Oásis. A novidade atraiu os de sempre ‒
artistas e intelectuais, mas principalmente pessoas com dinheiro. O Instituto
dos Arquitetos tinha escritório no Esther, assim como o arquiteto Rino Levi
(1901-1965); o pintor Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) morou lá e o cronista
social Marcelino de Carvalho (1905-1978) viveu no apartamento da cobertura. O
prédio entrou em decadência a partir da década de 1970. É tombado pelo
CONDEPHAAT. Recentemente, despertou interesse de um grupo francês que abriu um
restaurante na cobertura, enquanto na loja funciona o “Mundo Pão de Olivier”
(Anquier). .
A partir da direita os edifícios Esther, São Thomaz e o Itália (este é outra história). |
Há dois prédios bem interessantes na praça, ambos projetados por
Jacques Pilon. Um deles é o EDIFÍCIO CHRYSLER (1948/1949) de treze pavimentos
com acabamento em pastilha cerâmica. Ele ocupa toda a Rua Joaquim Gustavo entre
a Praça da República e a Rua Aurora. República, 497. O outro é o SANTA MÔNICA (1947/1950),
homônimo do edifício do Anhangabaú, é um prédio de escritórios. República, 162.
Moderno é um termo bem genérico, significa atual, contemporâneo. Nada mais contemporâneo que o prédio do Banespa (Santander) na esquina com a Rua Marquês de Itu. Década de 1980, projeto de Carlos Bratke (1942-2017).
A era do vidro. Prédio do Banespa (Santander), anos de 1980. arquiteto Carlos Bratke. Praça da República, 294.
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