domingo, 10 de novembro de 2019

UMA NOVA BARÃO



O arquiteto Oscar Niemeyer criou no final da década de 1950 o Edifício Galeria Califórnia, cuja modernidade causou um impacto na Rua Barão de Itapetininga. Acho que poderíamos até dizer que as galerias foram precursoras dos shoppings centers e boa parte delas funciona como passagens de uma rua para outra. Na década seguinte, Maria Berdelli e Ermanno Siffredi, arquitetos italianos emigrados no pós-guerra, fizeran o projeto de outra galeria cujo charme continua intacto até hoje: a GALERIA NOVA BARÃO, inaugurada em 1962

A Galeria Nova Barão, propriedade particular, é a céu aberto e tem dois níveis. O acesso ao piso superior é por escada rolante coberta. O calçamento de pedras portuguesas formando ondas lembra as calçadas da Praça do Rocio em Lisboa que o Rio de Janeiro copiou. Comércio variado atrai o frequentador do Centro: lanchonetes, salão de cabeleireiro, relojoarias, joalherias, sebos, sapatarias, ópticas, lotérica etc. Do piso superior pode-se observar com tranquilidade os pedestres da Barão de Itapetininga apressados, os vendedores ambulantes, os prédios antigos e o Theatro Municipal. Bancos estrategicamente colocados são um convite para uma pausa. Na entrada pela Rua Sete de Abril há uma pequena fonte. Nas fachadas destacam-se murais criados pelo artista plástico italiano Bramante Buffoni (1912-1989) ‒ o da entrada da rua Barão de Itapetininga pode ser visto da Praça Ramos. O edifício, por sua vez, é baixo e está dividido em dois blocos de escritórios (Rua Sete de Abril) e dois, residenciais (Rua Barão de Itapetininga) e todos têm a frente voltada para o interior da galeria.

Maria Berdelli e Ermanno Siffredi em 1963 fizeram o projeto do Centro Comercial Grandes Galerias, que há alguns anos todo mundo conhece como a GALERIA DO ROCK.  Na minha modestíssima opinião, a mais bonita e agradável de todas. Ventilação e luz natural são garantidas pelos” janelões” que se abrem para a rua Vinte e Quatro de Maio e Largo do Paissandu e funcionam até como belvederes para uma paisagem que se amplia à medida que se passa de um andar para outro.

O piso nas cores preto cinza, marrom e rosa claro, criado por Bramante Buffoni, tem um papel de destaque no conjunto: o desenho muda a cada andar, formando um jogo para quem observa a galeria do último piso o outro achado é a abertura ovalada entre os andares, permitindo que as pessoas tenham uma visão do interior do prédio. Melhor do que ler uma descrição é ir conferir pessoalmente, sem contar que o espaço reúne pessoas de todas as idades e diferentes tribos. Há 37 anos em Sampa nunca tinha ido lá. Amei. Avenida São João, 439/ Largo do Paissandu / Rua Vinte e Quatro de Maio.

Vale a pena caminhar em direção à Praça da República para visitar a Livraria Francesa, há mais de 72 anos no mesmo endereço: térreo do prédio 275 da Barão de Itapetininga. Ela foi fundada em 27 de julho de 1947 pelo engenheiro francês Paul Monteil, que veio com a família para o Brasil em 1937 para dirigir o setor têxtil da Rhodia. No final da II Guerra, ele deixou a empresa resolveu realizar o sonho de ser editor e livreiro. Atualmente, a livraria é dirigida por uma neta de Paul Monteil. Ele faleceu em 2005. Fotos: Hilda P. Araújo.



Fotos da Galeria Nova Barão: Rua Sete de Abril, 154 / Rua Barão de Itapetininga, 37.


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