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Oswald
de Andrade, Mário de Andrade, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Menotti Del
Picchia, Anita Malfatti, Sérgio Milliet, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida
agitavam a Pauliceia com suas ideias modernistas desde o início da década, mas
foi a chegada de Graça Aranha a São Paulo que deu o impulso para a realização
de um evento que marcasse o movimento de renovação. Quem fez o quê? Difícil estabelecer
os fatos, como demonstra o jornalista Marcos Augusto Gonçalves no livro “1922,
a semana que não terminou”, mas parece que Di Cavalcanti teve a ideia de
promover um salão modernista na livraria onde ele expunha seus trabalhos, o que
coincidiu com as intenções de Graça Aranha, que fez o contado do grupo com
Paulo Prado ‒ neto de Dona Veridiana e filho do Conselheiro Antônio Prado,
enfim, membro de uma das famílias mais ricas e influentes de São Paulo. Numa
das reuniões, a companheira de Paulo Prado sugeriu o formato: uma semana de
eventos, como acontecia em Deauville (França), para lançamento de modas. E o
local teria sido escolha de Paulo Prado, mas coube a René Thiollier, outro
bem-nascido, os contatos para o aluguel do Theatro Municipal.
A Semana de Arte
Moderna foi resultado de um trabalho coletivo e seus protagonistas iniciaram
sob vaias e críticas acerbas as mudanças no cenário cultural brasileiro. Depois da Semana de Arte de Moderna, nada seria como antes ‒ até um suíço
desembarcou em Santos em 1924, se apaixonou por São Paulo e pelos modernistas: Blaise
Cendrars (1887-1961), viajante, escritor e poeta.
Em 1921, São Paulo tinha 579.033 habitantes. (A população do Rio de
Janeiro, capital da República, era de 1.560.000 pessoas.) O Palácio das
Indústrias, no Parque D. Pedro II, ainda estava em construção em janeiro
daquele ano e foi onde Oswald de Andrade, Di Cavalcanti e Hélios Seelinger
(1878-1965) descobriram Victor Brecheret, que lá burilava o “Monumento às
Bandeiras”, e amaram de paixão a modernidade de seu trabalho.
O grande acontecimento da década prometia ser o centenário da
Independência do Brasil e, no Ipiranga, outra obra estava em andamento: o
monumento da Independência, criação do italiano Ettore Ximenes. Para a Avenida
Paulista, aguardava-se o monumento encomendado a William Zadig pelos alunos da
Faculdade Direito para homenagear Olavo Bilac. Os dois monumentos foram
inaugurados em 1922 e não agradaram à população. A obra de Zadig, considerada
muito feia, ainda tinha um francês beijando uma índia seminua, o que agitou os
moralistas de plantão; assim, depois de ser banida de vários lugares da cidade,
foi finalmente desmontada e guardada no depósito municipal. O monumento da
Independência, que Mário de Andrade comparou a “um centro de mesa”, resistiu e
hoje é bastante querido da população. Quanto ao Palácio das Indústrias, hoje cercado por uma paisagem poluída, tornou-se um ponto turístico da cidade e um ótimo centro cultural.
2 comentários:
Estou adorando seus textos sobre os edifícios do centro paulistano. Este, na minha opinião, merece ser compartilhado no Face. O que você acha?
Boa tarde, Nilton. Que bom! Muito obrigada. Fique à vontade para compartilhar, sempre que quiser.
Abraços.
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