quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

MEDICINA EM DUAS EXPOSIÇÕES


O professor Carlos da Silva Lacaz (1915-2002) foi o criador do Museu Histórico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com a ajuda da sociedade paulista, professores, médicos, pesquisadores e estudantes. Inaugurado em 1977, o museu tem o objetivo de preservar, pesquisar e divulgar os bens patrimoniais ligados à institucionalização da medicina e das práticas de saúde no Brasil e, em especial, São Paulo. Em 1993 ganhou o nome do seu criador, médico e pesquisador na área de microbiologia e micologia (ciência que estuda fungos) médica: Museu Carlos da Silva Lacaz ‒ FMUSP.
É bom lembrar que o próprio prédio da Faculdade de Medicina da USP faz parte da história da medicina e da cidade de São Paulo. Ele foi construído com recursos oriundos da Fundação Rockfeller e inaugurado em 1931. No museu, instalado no quarto andar, o visitante descobre aparelhos usados nos séculos XIX e XX, equipamentos médicos e cirúrgicos, peças de mobiliário e vestuário; há livros e documentos, fotos, esculturas, além de pinturas e gravuras. Merece destaque a bula do Papa Clemente VI, documento em pergaminho de 1345, doada à Faculdade pelo Sr. Antônio Bernardes de Oliveira em 1925. Há cerca de dez anos passou por um cuidadoso restauro, numa parceria entre o Museu e Núcleo de Conservação e Restauro Edson Mota (NUCLEM) da Escola SENAI Theobaldo De Nigris de Artes Gráficas, Celulose e Papel.
Graças ao museu é possível conhecer o trabalho do desenhista, pintor e ilustrador Augusto Esteves (1891-1966), que se destacou na área médica especialmente como ceroplasta. Explica-se: ele reproduzia em cera lesões causadas por doenças dermatológicas e ferimentos provocados por animais ou instrumentos de trabalho. Esse material, que era usado para fins científicos e didáticos, pode ser visto na exposição “A Pele Enferma: Augusto Esteves e seu museu de cera”. Augusto Esteves começou a trabalhar no Instituto Butantã em 1912 e dois anos depois fez as primeiras modelagens de lesões para a Faculdade de Medicina da USP. O trabalho de Augusto Esteves também é ressaltado no Museu Histórico da Associação Paulista de Medicina. 
Avenida Dr. Arnaldo, 455 - 4º andar. Cerqueira César. Estação Clínicas do Metrô.
 







A HISTÓRIA DA MEDICINA EM SÃO PAULO
“Arquivos Vivos e Memórias de Práticas Médicas em São Paulo.” Este é o título da exposição em cartaz no Arquivo Público do Estado de São Paulo em parceria com o Museu Histórico "Prof. Carlos da Silva Lacaz" da FMUSP. A mostra abrange o período entre 1988 e 1938.
        A institucionalização da medicina em São Paulo começa com a criação do Hospital de Isolamento em 1880 na estrada do Araçá, para onde os pacientes portadores de moléstias contagiosas eram encaminhados para evitar a disseminação das doenças. Em 1932 ele ganhou o nome de Hospital Emílio Ribas e a estrada é hoje a nossa conhecida Avenida Dr. Arnaldo.
        Consta que em 1884 o médico Bráulio Gomes (1854-1903) encontrou uma mulher dando à luz na rua, levou-a para casa onde ela recebeu toda assistência. Esse fato gerou a fundação da Associação Beneficente e Protetora das Mulheres Desamparadas (1894-1917), que deu origem à Maternidade São Paulo.
         Em 1885 começou a funcionar a Hospedaria dos Imigrantes (Museu da Imigração) onde o médico recém-formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho (1867-1920) trabalhou por um breve período. E se alguém por acaso se pergunta quem é esse Dr. Arnaldo, fique sabendo que foi o fundador da Faculdade de Medicina de São Paulo (USP) em 1912 e a dirigiu até falecer repentinamente em 1920. Uma comissão formada pelos professores Ernesto Puech, Benedito Montenegro e Ernesto de Souza Campos visitou instituições de ensino médico e pesquisa em países da Europa e Estados Unidos em busca de subsídios para a elaboração do projeto arquitetônico. Os recursos vieram da Fundação Rockfeller ‒ 1 milhão de dólares transferidos pela agência norte-americana entre 1916 e 1931.
Após a criação da Faculdade de Medicina vieram o Manicômio Judiciário (1927) e o Pinel (1929). Enfim, a história é bem interessante e vale uma visita à exposição até dia 5 de fevereiro próximo para conhecer mais detalhes.

Arquivo Público do Estado de São Paulo: Avenida Voluntários da Pátria, 596, Santana. Estação Santana do Metrô. De segunda à sexta-feira das 9 às 17h. Gratuito.

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