O professor Carlos da Silva
Lacaz (1915-2002) foi o criador do Museu Histórico da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), com a ajuda da sociedade paulista,
professores, médicos, pesquisadores e estudantes. Inaugurado em 1977, o museu
tem o objetivo de preservar, pesquisar e divulgar os bens patrimoniais ligados
à institucionalização da medicina e das práticas de saúde no Brasil e, em
especial, São Paulo. Em 1993 ganhou o nome do seu criador, médico e pesquisador
na área de microbiologia e micologia (ciência que estuda fungos) médica: Museu
Carlos da Silva Lacaz ‒ FMUSP.
É bom lembrar que o próprio
prédio da Faculdade de Medicina da USP faz parte da história da medicina e da
cidade de São Paulo. Ele foi construído com recursos oriundos da Fundação
Rockfeller e inaugurado em 1931. No museu, instalado no quarto andar, o
visitante descobre aparelhos usados nos séculos XIX e XX, equipamentos médicos
e cirúrgicos, peças de mobiliário e vestuário; há livros e documentos, fotos,
esculturas, além de pinturas e gravuras. Merece destaque a bula do
Papa Clemente VI, documento em pergaminho de 1345, doada à Faculdade pelo Sr.
Antônio Bernardes de Oliveira em 1925. Há cerca de dez anos passou por um cuidadoso restauro, numa parceria entre o Museu e Núcleo de Conservação e Restauro Edson Mota (NUCLEM)
da Escola SENAI Theobaldo De Nigris de Artes Gráficas, Celulose e Papel.
Graças ao museu é possível conhecer
o trabalho do desenhista, pintor e ilustrador Augusto Esteves (1891-1966), que
se destacou na área médica especialmente como ceroplasta. Explica-se: ele
reproduzia em cera lesões causadas por doenças dermatológicas e ferimentos
provocados por animais ou instrumentos de trabalho. Esse material, que era
usado para fins científicos e didáticos, pode ser visto na exposição “A Pele
Enferma: Augusto Esteves e seu museu de cera”. Augusto Esteves começou a
trabalhar no Instituto Butantã em 1912 e dois anos depois fez as primeiras modelagens
de lesões para a Faculdade de Medicina da USP. O trabalho de Augusto Esteves
também é ressaltado no Museu Histórico da Associação Paulista de Medicina.
Avenida Dr. Arnaldo, 455 - 4º andar. Cerqueira César. Estação Clínicas do Metrô.
A HISTÓRIA DA
MEDICINA EM SÃO PAULO
“Arquivos
Vivos e Memórias de Práticas Médicas em São Paulo.” Este é o título da
exposição em cartaz no Arquivo Público do Estado de São Paulo em parceria com o
Museu Histórico "Prof. Carlos da Silva Lacaz" da FMUSP. A mostra
abrange o período entre 1988 e 1938.
A institucionalização da medicina em São
Paulo começa com a criação do Hospital de Isolamento em 1880 na estrada do
Araçá, para onde os pacientes portadores de moléstias contagiosas eram
encaminhados para evitar a disseminação das doenças. Em 1932 ele ganhou o nome
de Hospital Emílio Ribas e a estrada é hoje a nossa conhecida Avenida Dr.
Arnaldo.
Consta que em 1884 o médico Bráulio Gomes
(1854-1903) encontrou uma mulher dando à luz na rua, levou-a para casa onde ela
recebeu toda assistência. Esse fato gerou a fundação da Associação Beneficente e Protetora das Mulheres Desamparadas
(1894-1917), que deu origem à Maternidade São Paulo.
Após
a criação da Faculdade de Medicina vieram o Manicômio Judiciário (1927) e o Pinel (1929).
Enfim, a história é bem interessante e vale uma visita à exposição até dia 5 de
fevereiro próximo para conhecer mais
detalhes.
Arquivo Público do Estado de São
Paulo: Avenida Voluntários da Pátria, 596, Santana.
Estação Santana do Metrô. De segunda à
sexta-feira das 9 às 17h. Gratuito.
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