sábado, 4 de janeiro de 2020

CIDADE VAZIA E CHEIA DE HISTÓRIAS


Depois de explorar o Centro Novo, voltei para o Triângulo ‒ a área compreendida entre as Ruas Quinze de Novembro, São Bento e Direita, onde a cidade se desenvolveu, mas expandi minhas incursões por outras ruas. Ali, se encontram alguns edifícios emblemáticos da cidade.  
Marco Zero: registro do porto de Santos, 2011.
Na Praça da Sé, marco zero de São Paulo, destaca-se o Edifício Rolim, obra do Escritório Técnico C. Pujol Jr, Fred Reimann e Tito Carvalho. Projeto de Hipólito Gustavo Pujol Júnior, um adepto do modernismo catalão de acordo com estudiosos. O prédio tem treze andares com uma cúpula no topo revestida de bronze e uma pequena torre que parece um farol. Foi inaugurado em 1928 e até o Edifício Martineli ser concluído teve a honra de ser o prédlio mais alto de São Paulo.
No dia 18 de julho de 1930, o jornal O Estado de S. Paulo trazia este anúncio: “Advogados, médicos, engenheiros, dentistas e corretores. São convidados os que porventura estejam descontentes ou mal situados presentemente a visitarem o prédio, sem compromisso algum. Instalações magníficas, com todo o luxo e conforto”.

Prédio da Caixa Cultural, dezembro de 2019.
Ao lado do Rolim encontra-se o prédio da Caixa Econômica Federal, local onde se erguia a Igreja de São Pedro dos Clérigos, demolida em 1911 para as obras de ampliação e modernização da Praça da Sé. O prédio, construído para ser a sede do banco em São Paulo, foi inaugurado em 29 de agosto de 1939 pelo ditador Getúlio Vargas. Atualmente, ali funciona a Caixa Cultural, o Museu da Caixa,  agência bancária e setor administrativo. Com 12 metros de pé direito o térreo está conectado ao segundo andar, onde se destaca o vitral do italiano Henrique Zucca. Um ambiente revestido de mármore e granito.


Praça da Sé, janeiro 2020.
Na esquina da Praça da Sé com a Rua Benjamin Constant ergue-se o Palacete São Paulo, que pertenceu a Hildebrando Cantinho Cintra, uma das maiores fortunas de São Paulo na época. Projeto do engenheiro Nestor Caiuby, encomendado pelo coronel Felício de Campos Cintra, dono do terreno de 500 metros quadrados. Ficou pronto em 1924. O palacete tem 4 mil metros quadrados de área construída e oito pavimentos. Em 1946, por causa do espólio sem herdeiros (herança vacante) o edifício passou para o Estado e, após um período abandonado, passou para a Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) que lá instalou a reitoria, mas atualmente abriga a Fundação Editora da UNESP, a livraria UNESP e a Universidade do Livro. Uma curiosidade: este foi o endereço da Companhia Graphico-Editora Monteiro Lobato no período de 1924-1925. O escritor instalou sua empresa no primeiro andar do prédio, logo após a inauguração.
Um senhor garantiu-me que é assombrado,2020.
Ao sair da livraria da UNESP, olhe para a direita e do outro lado da Rua Benjamin Constant admire o Edifício Gazeau (1921). Dizem que foi o primeiro edifício da praça com mais de três andares. O arrojado projeto inicial previa dez andares! A prefeitura vetou a audácia do construtor, o francês Augusto Francisco Gazeau, e aprovou apenas seis. O prédio foi descaracterizado em 1962, quando a cúpula original foi demolida para dar lugar a mais um andar recuado. Augusto Francisco Gazeau instalou no primeiro andar sua livraria, que funcionou até 1996. Um pequeno saguão com a escada próxima da porta e, um pouco mais atrás, vê-se o elevador de portas pantográficas.
Fotos: Hilda Prado, em épocas diferentes. Anúncio: acervo O Estado de S. Paulo.

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