Balada do Esplanada
A Gofredo
Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes d' ir
Pro meu hotel
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.
Eu qu'ria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
Do menestrel
Pra m'inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel
Mas não há poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor
até aqui
Oswald de Andrade
"Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade". São Paulo: Editora Globo, Secretaria de Estada da Cultura, 1991.
Foto:novembro de 2019. Antigo Hotel Esplanada, sede da atual Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento. Praça Ramos de Azevedo, 254. Foto: Hilda Araújo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário