Dois grandes
jornais brasileiros foram seriamente afetados pela gripe espanhola que assolou
o mundo e no Brasil teve quatro ondas mortais entre 1918 e 1920: JORNAL DO BRASIL e O
ESTADO DE S. PAULO. A gripe espanhola (influenzavírus
H1H1) desembarcou literalmente no Brasil em setembro de 1918, quando o navio
inglês Demerara deixou passageiros
doentes nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Em quinze meses a
gripe infectou 500 milhões de pessoas em todo o mundo e, embora não haja números
exatos, fala-se em 17 milhões de mortos e possivelmente 50 milhões.
Acervo: Câmara Municipal de Curitiba. |
O JORNAL DO BRASIL, do Rio de Janeiro, ficou
vazio. As três únicas pessoas que não contraíram a gripe no prédio da empresa
foram o jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), editor do jornal, e dois
gráficos, que trabalharam sozinhos para pôr o jornal na rua.
Em São Paulo, não foi diferente. O corpo editorial do jornal O ESTADO DE
S. PAULO contraiu a gripe. O primeiro a se afastar foi Nestor Pestana (1877-1933),
seguido por Plínio Barreto (1882-1958) e Pinheiro Júnior. Monteiro Lobato
(1882-1948) assumiu como editor-chefe, secretário e editor e garantiu a
circulação do jornal.
Lobato, que nem era funcionário do jornal, lembraria mais tarde que
“Enquanto na sala de espera seu Filinto* recebia gente, eu na sala do Nestor
abria o famoso bauzinho da matéria e passava os olhos naquilo, selecionando o
que tinha de sair no dia seguinte, podando excessos, baixando os adjetivos,
rabiscando instruções. Depois zás! Metia a papelada no tubo pneumático que por
baixo da terra levava tudo às oficinas de composição e impressão”.
*Provavelmente, José Filinto da Silva,
gerente.
Fontes:
Chatô,
rei do Brasil, de Fernando Moraes.
Monteiro
Lobato: Furacão na Botocúndia, Carmen Lúcia de Azevedo e outros
Foto:
Câmara Municipal de Curitiba
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