Para mim o que
marcou esse período de isolamento foi o silêncio. Silêncio quebrado de manhã
por bem-te-vis e outros passarinhos e na hora do almoço pelos sinos da igreja
do bairro. Adoro som dos sinos, tão cheio de histórias que se perdem no tempo. Tudo
porque não havia trânsito de veículos e as três linhas de ônibus circularam a
intervalos maiores, ruas quase vazias. Há quase três meses não uso transporte
público. A todos os lugares que preciso ir vou a pé e aproveito o sol. Nos
poucos dias de chuva, não saí. Nesta semana que acaba, notei algo estranho e
fui até a janela conferir. Havia algo mais que pombos e passarinhos no ar: um helicóptero.
Nossa Senhora do Carmo da Aclimação, 2016. |
Quinta-feira quase no final da tarde tive que procurar uma óptica nas
imediações do Largo Ana Rosa, onde as lojas já estavam abertas. Eu, que não
gosto de ver vitrines, gostei muito de ver o colorido estampado ao longo das
calçadas. E de passagem notei que todas as lojas, exceto as de alimentação, estavam
vazias. As ruas mais movimentadas não tinham aglomerações, entretanto, muitos
teimosos continuam sem máscaras, que levam penduradas no peito. Achei a óptica onde
estavam apenas o dono e uma funcionária. Enquanto aguardava o reparo da
armação, aproveitei para observar o entorno. No retorno para casa, ao passar
pelo terminal de ônibus praticamente vazio, vejo uma idosa aboletada no banco
da frente de um coletivo sem máscara!!! E lá vou eu descer as ladeiras rumo de
casa.
Parece que a região é uma exceção pelo que acontece, por exemplo, na Rua
Vinte e Cinco de Março e arredores. Espantoso! Eu continuarei em casa embora sinta
falta das livrarias, das minhas andanças e de um expresso. Ah! O silêncio começou
a diminuir.
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