terça-feira, 1 de setembro de 2020

LENY EVERSONG

Há cem anos nascia em Santos a cantora que brilhou no Brasil e nos Estados Unidos por várias décadas.

Poucas pessoas sabem quem é Hilda Campos Soares da Silva (1920-1984), mas Leny Eversong, seu nome artístico, ainda é lembrado pelos apreciadores de boa música que tiveram o privilégio de a ouvir cantar. Hilda nasceu em Santos em 1º de setembro de 1920 e muito cedo revelou-se uma cantora extraordinária. Aos 12 anos participou de um concurso infantil na velha Rádio Clube de Santos e ganhou e ficou conhecida como “Hildinha, Princesa do Fox”. Quando foi contratada pela Rádio Atlântica de Santos, tornou-se Leny Eversong por sugestão do produtor Carlos Baccarat. Aos 16 já estava no Rio de Janeiro cantando na Rádio Tupi e em shows do cassino da Urca e do Copacabana Palace.

       Em meados dos anos cinquenta, foi para os Estados Unidos onde se apresentou nos cassinos de Las Vegas e em shows de televisão. O ponto alto foi o programa de TV de Ed Sullivan (1901-1974), em janeiro de 1957, quando se revezou no palco com Elvis Presley (1935-1977). No retorno ao Brasil, continuou a fazer shows - um deles com Cauby Peixoto (1931-2016), gravado em disco.


O repertório de Leny Eversong era principalmente de músicas americanas e mais tarde ela corrigiu o rumo, gravando canções dos principais compositores brasileiros. Aos poucos foi sendo esquecida e seus discos atualmente, quando encontrados, valem muito.

Em 1973 afastou-se dos palcos por motivos pessoais ‒ o marido Francisco Luís Campos Soares da Silva desaparecera misteriosamente. “A verdadeira história, no entanto só veio à tona após sua morte quando os restos mortais de seu marido foram encontrados em um conjunto de ossadas juntamente com vários sindicalistas. Ao que parece a morte de seu marido foi um equívoco, pois ele não tinha envolvimento político. Porém, provavelmente tornou-se testemunha de um crime e foi silenciado (...).” (Dicionário Cravo Albin)   

O jornalista, crítico musical e pesquisador carioca Rodrigo Faour (1972) escreveu sua dissertação de mestrado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, no Departamento de Letras da PUC-RJ, sobre Leny Eversong. O trabalho apresentado em março deste ano chama-se: "A incrível história de Leny Eversong ou A potência da memória contra padrões estéticos e patrulhas nacionalistas" (há um vídeo no YouTtube).  

       Felizmente, há quem reconheça o talento de Leny Eversong e o divulgue para as novas gerações tão mal servidas em matéria musical atualmente.  





2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Que bela lembrança, Hilda!

Unknown disse...

Ótima lembrança, ótimo texto, como sempre!!!