Há cem anos
nascia em Santos a cantora que brilhou no Brasil e nos Estados Unidos por
várias décadas.
Poucas pessoas sabem quem é Hilda Campos Soares da Silva (1920-1984), mas
Leny Eversong, seu nome artístico, ainda é lembrado pelos apreciadores de boa
música que tiveram o privilégio de a ouvir cantar. Hilda nasceu em Santos em 1º
de setembro de 1920 e muito cedo revelou-se uma cantora extraordinária. Aos 12 anos
participou de um concurso infantil na velha Rádio Clube de Santos e ganhou e
ficou conhecida como “Hildinha, Princesa do Fox”. Quando foi contratada pela
Rádio Atlântica de Santos, tornou-se Leny Eversong por sugestão do produtor Carlos
Baccarat. Aos 16 já estava no Rio de Janeiro cantando na Rádio Tupi e em shows
do cassino da Urca e do Copacabana Palace.
Em meados dos anos cinquenta, foi para os Estados Unidos onde se
apresentou nos cassinos de Las Vegas e em shows de televisão. O ponto alto foi
o programa de TV de Ed Sullivan (1901-1974), em janeiro de 1957, quando se revezou
no palco com Elvis Presley (1935-1977). No retorno ao Brasil, continuou a fazer
shows - um deles com Cauby Peixoto (1931-2016), gravado em disco.
O repertório de Leny Eversong era principalmente de músicas americanas e
mais tarde ela corrigiu o rumo, gravando canções dos principais compositores
brasileiros. Aos poucos foi sendo esquecida e seus discos atualmente, quando
encontrados, valem muito.
Em 1973 afastou-se dos palcos por motivos pessoais ‒ o marido Francisco
Luís Campos Soares da Silva desaparecera misteriosamente. “A verdadeira
história, no entanto só veio à tona após sua morte quando os restos mortais de
seu marido foram encontrados em um conjunto de ossadas juntamente com vários
sindicalistas. Ao que parece a morte de seu marido foi um equívoco, pois ele
não tinha envolvimento político. Porém, provavelmente tornou-se testemunha de
um crime e foi silenciado (...).” (Dicionário Cravo Albin)
O jornalista, crítico musical e pesquisador carioca Rodrigo
Faour (1972) escreveu sua dissertação de mestrado em
Literatura, Cultura e Contemporaneidade, no Departamento de Letras da PUC-RJ,
sobre Leny Eversong. O trabalho apresentado em março deste ano chama-se:
"A incrível história de Leny Eversong ou A potência da memória contra
padrões estéticos e patrulhas nacionalistas" (há um vídeo no YouTtube).
Felizmente, há quem reconheça o talento de Leny Eversong e o divulgue
para as novas gerações tão mal servidas em matéria musical atualmente.
2 comentários:
Que bela lembrança, Hilda!
Ótima lembrança, ótimo texto, como sempre!!!
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