Nossa casa é
onde nos sentimos bem, já disse alguém. Não importa onde seja ou o aspecto que
ela tenha. Alguns privilegiados já nascem com casa própria ‒ como os caramujos
ou as tartarugas. O bicho Homem, entretanto, tem uma trajetória mais prosaica. No
princípio, fugindo do frio e das feras o Homem se refugiou na caverna.
Provavelmente, vivia em grupo. Nesse abrigo, fez fogo e montou a cama de
folhas. Um dia descobriu que podia torná-lo mais agradável e pintou um javali.
O abrigo seria o primeiro conceito de casa? Não sei, mas o adorno superou as
intempéries e 45 mil anos depois essa obra anônima foi descoberta recentemente.
Encontra-se na Indonésia, na caverna de calcário de Leang Tedongnge que
se localiza na ilha Celebe. Depois da coleta e da caça,
esse anônimo voltava para O lugar onde se sentia seguro e admirava sua arte.
O tempo passou. O Homem foi evoluindo (?) e
construiu moradias que vem aprimorando ao longo dos séculos; só não mudou seu sentimento pela casa. Ulisses
levou anos para voltar para sua Ítaca (Ruy Barbosa disse que a pátria é a
família amplificada) e Ulisses viveu muitas aventuras para retornar ao lar. Os
judeus transpuseram o deserto e o Mar Vermelho para retornar à pátria, o lar...
Ainda nesse mundo de ficção, mais recentemente, Dorothy ‒ após suas aventuras e
desventuras com o Homem de Lata, o Leão e o Espantalho ‒ voltou para casa e garantiu à tia que “não há
lugar como o lar” (there is no
place like home). Até mesmo os desafortunados, aqueles “sem eira nem beira”,
têm um lugar de preferência ou de referência para colocar sua folha de jornal
que lhes serve de cama (Noel Rosa/Kid Pepe).
Eu acredito que devemos sair em busca da
aventura, sim, mas há um momento que só queremos a nossa casa e sentimos
necessidade de voltar. No momento, que tal desfrutar da casa (nem todos têm
uma) enquanto se espera o momento certo para se aventuras lá fora?
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