Se
você acha que já viu de tudo...
Tempos
atrás soube que existia em Piacenza, Lombardia, Itália, o Museo della Merda,
criado em 2015. Antes de condenar a ideia do sr. Gianantonio Locatelli e seus
associados – Luca Cipelletti, que gere os seus projetos e produtos, Gaspare
Luigi Marcone e Massimo Valsecchi –, é bom saber que há um bem maior nessa
aparente ideia estapafúrdia. Em uma quinta na província de Piacenza, 3.500
vacas de raça produziam diariamente 50 mil litros de leite para produção do
queijo Grana Padano e 150 mil quilos de excrementos. Tal quantidade de esterco
poderia se transformar em um grande problema não fosse o projeto ecológico,
produtivo e cultural criado por Locatelli.
O projeto conta com sistemas
inovadores para produção de energia elétrica a partir do esterco: a quinta
produz até três megawatts por hora; os edifícios e escritórios são aquecidos
com o calor emitido pelos digestores que transformam o estrume em energia. A
partir do cocô a quinta também produz, imaginem só, telhas, vasos, jarros e
canecas que são comercializados, mais uma vez, antes de torcer o nariz, é bom
saber que a coleção foi premiada no Salão do Design de Milão em 2014 por
“transformar o cocô em algo divertido”.
Na verdade, o projeto conquistou
reconhecimento internacional.
MUSEU
DA MENSTRUAÇÃO
Esse é
um tema que sempre considero íntimo demais e só aceitável em conversa com o
ginecologista, mas o sr. Harry
Finley (1942) teve a inusitada ideia de criar em 1994 um museu no porão da
residência dele em Maryland (Estados Unidos) e o abriu para visitação. Nem é
preciso dizer que gerou pouco interesse, pois fechou em 1998. O sr. Finley
estudou Filosofia na Universidade John Hopkins e trabalhou como diretor de arte
de uma revista na Alemanha. Foi lá que ele começou a se interessar pelo tema,
colecionando anúncios de produtos relacionados à menstruação. Ao retornar aos
Estados Unidos, foi trabalhar como designer gráfico na National Defense
University de Washington – DC, instituição de treinamento para a segurança
nacional, e acabou pesquisando sobre o assunto na Biblioteca do Congresso,
incluindo informações culturais e históricas sobre menstruação.
A
coleção cresceu tanto que Finley achou que era tempo de organizar um museu no
porão da casa dele. A inauguração foi no final de julho de 1994, mas como ele
trabalhava em período integral, as visitas tinham que ser agendadas nos finais
de semana. A família dele não gostou nada da ideia, que no trabalho também não
foi bem vista. Ele recebeu visitas importantes no seu porão, mas especialistas
foram categóricos: ele pesquisou e dedicou tempo ao museu que, entretanto, era
uma confusão de objetos e faltava o principal, segundo museólogos: a explicação
sobre como as coleções se encaixam na história.
O que havia no porão de Finley? Mais
de mil itens doados pela empresa que produz Tampax desde 1936; um figurinista
criou uma réplica de avental menstrual para o museu, calcinhas menstruais entre
outros itens... Finley acredita que ainda poderá existir o museu da
menstruação, já que os tempos mudaram muito e o assunto deixou de ser
“indelicado”. Achei surpreendente que ele espere que, como todos os outros
museus, esse também tenha uma lojinha de presentes!
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