domingo, 25 de fevereiro de 2024

CADA IDEIA!

 

Se você acha que já viu de tudo...

Tempos atrás soube que existia em Piacenza, Lombardia, Itália, o Museo della Merda, criado em 2015. Antes de condenar a ideia do sr. Gianantonio Locatelli e seus associados – Luca Cipelletti, que gere os seus projetos e produtos, Gaspare Luigi Marcone e Massimo Valsecchi –, é bom saber que há um bem maior nessa aparente ideia estapafúrdia. Em uma quinta na província de Piacenza, 3.500 vacas de raça produziam diariamente 50 mil litros de leite para produção do queijo Grana Padano e 150 mil quilos de excrementos. Tal quantidade de esterco poderia se transformar em um grande problema não fosse o projeto ecológico, produtivo e cultural criado por Locatelli.

            O projeto conta com sistemas inovadores para produção de energia elétrica a partir do esterco: a quinta produz até três megawatts por hora; os edifícios e escritórios são aquecidos com o calor emitido pelos digestores que transformam o estrume em energia. A partir do cocô a quinta também produz, imaginem só, telhas, vasos, jarros e canecas que são comercializados, mais uma vez, antes de torcer o nariz, é bom saber que a coleção foi premiada no Salão do Design de Milão em 2014 por “transformar o cocô em algo divertido”.

            Na verdade, o projeto conquistou reconhecimento internacional.

MUSEU DA MENSTRUAÇÃO

Esse é um tema que sempre considero íntimo demais e só aceitável em conversa com o ginecologista, mas o sr. Harry Finley (1942) teve a inusitada ideia de criar em 1994 um museu no porão da residência dele em Maryland (Estados Unidos) e o abriu para visitação. Nem é preciso dizer que gerou pouco interesse, pois fechou em 1998. O sr. Finley estudou Filosofia na Universidade John Hopkins e trabalhou como diretor de arte de uma revista na Alemanha. Foi lá que ele começou a se interessar pelo tema, colecionando anúncios de produtos relacionados à menstruação. Ao retornar aos Estados Unidos, foi trabalhar como designer gráfico na National Defense University de Washington – DC, instituição de treinamento para a segurança nacional, e acabou pesquisando sobre o assunto na Biblioteca do Congresso, incluindo informações culturais e históricas sobre menstruação. 

            A coleção cresceu tanto que Finley achou que era tempo de organizar um museu no porão da casa dele. A inauguração foi no final de julho de 1994, mas como ele trabalhava em período integral, as visitas tinham que ser agendadas nos finais de semana. A família dele não gostou nada da ideia, que no trabalho também não foi bem vista. Ele recebeu visitas importantes no seu porão, mas especialistas foram categóricos: ele pesquisou e dedicou tempo ao museu que, entretanto, era uma confusão de objetos e faltava o principal, segundo museólogos: a explicação sobre como as coleções se encaixam na história.

            O que havia no porão de Finley? Mais de mil itens doados pela empresa que produz Tampax desde 1936; um figurinista criou uma réplica de avental menstrual para o museu, calcinhas menstruais entre outros itens... Finley acredita que ainda poderá existir o museu da menstruação, já que os tempos mudaram muito e o assunto deixou de ser “indelicado”. Achei surpreendente que ele espere que, como todos os outros museus, esse também tenha uma lojinha de presentes! 








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