A cidade está vazia. Creio que os viajantes
aproveitam o sol de verão na praia. E que verão! Pela manhã nem os corredores
habituais a caminho do Parque apareceram. Em compensação a Prefeitura enviou
uns dez funcionários para a poda de árvores da praça em frente ao prédio. Dois
trabalham, vários se agitam e uma senhora tira fotos. Os passarinhos não devem
ter gostado nada do rebuliço. Encontrei um sabiá de mudança – atravessou na
minha frente em direção ao outro lado do jardim. Na banca, Paulão cochila à espera
de algum freguês. O supermercado estava praticamente vazio. Nos caixas, os
funcionários trocavam as novidades do início de ano. O ambiente no Metrô não
era diferente. Na verdade, era bem melhor graças ao ar condicionado dos vagões.
Desço na estação São Bento que cheira a hambúrguer desde que começou a
funcionar a praça de alimentação. Na rua, turistas seguem e ouvem o guia e
tentam achar uma sombra. Entre um compromisso e outro passo na livraria da
Imprensa Oficial só para não perder o costume. A Praça da Sé está cheia de
barracas – acho que é uma feira de alimentação, mas não tive vontade de
conferir. Na estação do Metrô, quase ninguém. Vagão vazio novamente. Lugar à
vontade. Todos parecem exaustos. Eu sentia falta da minha poltrona ao lado da
janela por onde sopra uma brisa no fim da tarde.
Para combater esse calor tropical nada como mudar de ambiente e se instalar nas regiões polares!
Sendo impossível de concretizar o projeto, o jeito é viajar confortavelmente
instalada na poltrona e seguir a narrativa de Roland Huntford (1927) sobre “O
último lugar da Terra: a competição entre Scott e Amundsen pela conquista do
Polo Sul” (Companhia das Letras, 1979.).
Nenhum comentário:
Postar um comentário