Inundação da Várzea do Carmo, tela de Benedito Calixto. Acervo: Museu Paulista da USP.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
SÃO PAULO E AS CHUVAS DE JANEIRO
“Em São Paulo,
no mês de janeiro, a chuva não ‘chega’, mas é engendrada pela umidade ambiente,
como se o vapor d’água de que tudo se embebe se materializasse em pérolas
aquáticas caindo abundantemente mas que dariam a impressão de serem freadas
pela afinidade com toda essa neblina pela qual deslizam. Não é, como na Europa,
uma chuva riscadinha, mas um cintilar pálido, formado por uma profusão de
bolinhas d’água que rolam numa atmosfera úmida: cascata de consome claro com
tapioca. E tampouco é quando a nuvem passa que a chuva para, mas quando o ar
local, pela punção pluviosa, livrou-se suficientemente de um excesso de
umidade. Então, o céu clareia, entrevê-se o azul muito pálido entre as nuvens
amarelas, enquanto enxurradas alpinas correm pelas ruas.” Sobre São Paulo em
1935: Claude Lévi-Strauss (1908-2009),antropólogo e filósofo, que participou da
implantação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo. Excerto de "Tristes Trópicos", Companhia Das Letras. O livro foi escrito em 1955, quando Lévi-Strauss já havia retornado à Europa.
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