O pintor e
botânico John Barrow (1764-1848) integrou a comitiva do embaixador George
Macartney à China em 1792/1793 e deixou um relato sobre os locais por onde passou.
A beleza natural do Rio de Janeiro o arrebatou. A descrição é vívida e ele
relata com simplicidade e elegância os pontos principais da cidade.
Pão de Açúcar (sugar-loaf), visto de Niterói. 2015. |
[...]
Ao desembarcar, o primeiro objeto na cidade que chama atenção é uma
bonita praça, cercada por prédios em três de seus lados, estando o quarto
aberto à água. Ao longo desse lado ergue-se um nobre cais de pedra, com
passagem em cada extremidade e no centro, dos quais o último é o comum local de
desembarque. Quando essa linha de alvenaria for estendida por todo o
comprimento da cidade, o que se intencionava fazer, irá servir não só como mero
ornamento e conveniência, mas uma notável defesa a tentativa de um inimigo
desembarcar. Perto da escadaria central, há um obelisco quadrangular lançando
de cada uma das suas quatro faces um esguicho constante de água pura e límpida
para uso da parte mais baixa da cidade e dos navios no porto. O lado superior
da praça, de frente para o porto, é inteiramente ocupado pelo palácio do
Vice-rei, uma construção longa e plana, não notável pela elegância de seu
desenho, nem particularidade de construção.
Chafariz da Pirâmide, o "obelisco"(1789), de mestre Valentim. |
O
palácio, o obelisco e o píer são todos construídos com blocos de granito
cortados e a superfície da praça é de um chão sólido do mesmo material,
espargido com areia quartzosa. Sendo o granito do tipo que contém uma grande
porção de mica cintilante, é altamente nocivo ao olho, cuja aptidão para
aguentar os raios estonteantes do sol brincando durante todo o dia em um lado
ou outro de tal área aberta é irrisória – fulgurando emblema das brilhantes
façanhas da nação portuguesa em tempos atrás!”
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