sexta-feira, 6 de março de 2020

ARTE SACRA


No século XIV, quando teve o início o ciclo de navegações português, supostamente em busca de um caminho marítimo para as Índias, membros da igreja católica, ansiosa por pescar novos adeptos, foram incluídos na tripulação das caravelas. A conversão à força dos povos nativos teve início com a chegada de Cabral às novas terras e, diante de um inimigo superior em armas, os povos aderiram às novas crenças, o que não impediu a escravização e dizimação das populações silvícolas diante da ganância do colonizador por terra e ouro.
Para quem é católico ou simplesmente aprecia a arte sacra é possível passar um dia no Centro Histórico de São Paulo percorrendo belas igrejas. O roteiro pode ser desenhado por antiguidade, proximidade ou santos de devoção. Uma possibilidade é começar pela Praça da Sé (metrô Sé) onde há pelo menos cinco igrejas com características diversas. A principal e mais moderna é a Catedral Metropolitana de São Paulo.
        À medida que a ocupação do Brasil avançava, os religiosos iam construindo igrejas. A fundação de São Paulo em 1554 se fez com uma igreja e uma escola. O cacique Tibiriçá, que desempenhou importante papel na implantação do vilarejo, se converteu e, no batismo, recebeu o nome do seu padrinho, Martim Afonso. Martim Afonso Tibiriçá morreu em 1562 e seus despojos encontram-se na cripta da Catedral Metropolitana de São Paulo, junto com os dos padres Bartolomeu de Gusmão (1685-1724) e Diogo Antônio Feijó (1784-1843). O primeiro, natural de Santos, foi o inventor do aeróstato ou passarola que mereceu a primeira patente brasileira, e o segundo, político do Império.
Pateo do Colégio. Foto HPA: 2009.
Da igreja que deu origem à cidade restaram alguns tijolos que podem ser vistos no complexo do Pátio do Colégio (igreja e museu), inaugurado em 1979. A frágil construção dos tempos de Manuel da Nóbrega foi transformada em um templo de estilo colonial no século XVII; entretanto, com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal no século XVIII, a igreja foi abandonada até ter parte do telhado destruído em 1896, em consequência de uma tempestade, o que levou as autoridades, com anuência da igreja, a proceder à demolição. Com a aproximação das comemorações do IV Centenário da cidade a área foi devolvida aos jesuítas e a nova igreja foi construída no local. O nome sofreu alterações: somente em 1980, José de Anchieta tornou-se padroeiro do templo e com a canonização do jesuíta em 2014 passa a se chamar Igreja São José de Anchieta.

CRISTÃOS ORTODOXOS

A Igreja Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora está situada no térreo de um edifício de sete andares na Rua Cavalheiro Basílio Jafet nº115. Tudo começou em janeiro de 1897, quando o Padre Mussa Abi Haidar  celebrou Missa em um salão da Rua Vinte e Cinco de Março organizou a primeira procissão ortodoxa realizada na América do Sul. Pouco depois começou a construção de uma pequena igreja na Rua Itobi (atual Cavalheiro Basílio Jafet), custeada por Michel Assad e concluída em 1904. Entretanto, por volta de 1920, a comunidade ortodoxa ficou sem recursos para manter a igreja e por sugestão do padre construiu-se um prédio comercial para custear as despesas da igreja. O segundo problema era o terreno pequeno e assim o arquiteto fez um “recorte” na igreja e construiu o prédio sobre ela. Da antiga igrejinha sobraram a fachada, o sino e fotos. Entre uma loja e outra observe a fachada da igreja, única coisa que sobrou da primeira igreja ortodoxa de São Paulo. O sino, que pode ser visto na Catedral Ortodoxa Metropolitana, tem uma inscrição: "Esta Igreja pertence ao Rito Grego-Ortodoxo, foi construída por iniciativa do Conselho Administrativo Ortodoxo de São Paulo, a expensas dos Sírios e Libaneses da Colônia, em 1904".

Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115.

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