No século XIV,
quando teve o início o ciclo de navegações português, supostamente em busca de
um caminho marítimo para as Índias, membros da igreja católica, ansiosa por
pescar novos adeptos, foram incluídos na tripulação das caravelas. A conversão
à força dos povos nativos teve início com a chegada de Cabral às novas terras
e, diante de um inimigo superior em armas, os povos aderiram às novas crenças,
o que não impediu a escravização e dizimação das populações silvícolas diante
da ganância do colonizador por terra e ouro.
Para quem é católico ou simplesmente aprecia a arte sacra é possível
passar um dia no Centro Histórico de São Paulo percorrendo belas igrejas. O
roteiro pode ser desenhado por antiguidade, proximidade ou santos de devoção.
Uma possibilidade é começar pela Praça da Sé (metrô Sé) onde há pelo menos
cinco igrejas com características diversas. A principal e mais moderna é a
Catedral Metropolitana de São Paulo.
À medida que a ocupação do Brasil
avançava, os religiosos iam construindo igrejas. A fundação de São Paulo em
1554 se fez com uma igreja e uma escola. O cacique Tibiriçá, que desempenhou
importante papel na implantação do vilarejo, se converteu e, no batismo,
recebeu o nome do seu padrinho, Martim Afonso. Martim Afonso Tibiriçá morreu em
1562 e seus despojos encontram-se na cripta da Catedral Metropolitana de São
Paulo, junto com os dos padres Bartolomeu de Gusmão (1685-1724) e Diogo Antônio
Feijó (1784-1843). O primeiro, natural de Santos, foi o inventor do aeróstato
ou passarola que mereceu a primeira patente brasileira, e o segundo, político
do Império.
Pateo do Colégio. Foto HPA: 2009. |
Da igreja que deu origem à cidade restaram alguns tijolos que podem ser
vistos no complexo do Pátio do Colégio (igreja e museu), inaugurado em 1979. A
frágil construção dos tempos de Manuel da Nóbrega foi transformada em um templo
de estilo colonial no século XVII; entretanto, com a expulsão dos jesuítas pelo
Marquês de Pombal no século XVIII, a igreja foi abandonada até ter parte do
telhado destruído em 1896, em consequência de uma tempestade, o que levou as
autoridades, com anuência da igreja, a proceder à demolição. Com a aproximação
das comemorações do IV Centenário da cidade a área foi devolvida aos jesuítas e
a nova igreja foi construída no local. O nome sofreu alterações: somente em
1980, José de Anchieta tornou-se padroeiro do templo e com a canonização do
jesuíta em 2014 passa a se chamar Igreja São José de Anchieta.
CRISTÃOS ORTODOXOS
A Igreja
Ortodoxa Antioquina da Anunciação a Nossa Senhora está situada no
térreo de um edifício de sete andares na Rua Cavalheiro Basílio Jafet nº115. Tudo
começou em janeiro de 1897, quando o Padre Mussa Abi Haidar celebrou Missa
em um salão da Rua Vinte e Cinco de Março organizou a primeira procissão
ortodoxa realizada na América do Sul. Pouco depois começou a construção de
uma pequena igreja na Rua Itobi (atual Cavalheiro Basílio Jafet), custeada
por Michel
Assad e concluída em 1904. Entretanto, por volta de 1920, a comunidade ortodoxa
ficou sem recursos para manter a igreja e por sugestão do padre construiu-se um
prédio comercial para custear as despesas da igreja. O segundo problema era o
terreno pequeno e assim o arquiteto fez um “recorte” na igreja e construiu o
prédio sobre ela. Da antiga igrejinha sobraram a fachada, o sino e fotos. Entre
uma loja e outra observe a fachada da igreja, única coisa que sobrou da
primeira igreja ortodoxa de São Paulo. O sino, que pode ser visto na Catedral Ortodoxa Metropolitana, tem uma
inscrição: "Esta Igreja pertence ao Rito Grego-Ortodoxo, foi construída
por iniciativa do Conselho Administrativo Ortodoxo de São Paulo, a expensas dos
Sírios e Libaneses da Colônia, em 1904".
Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115.
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