O paulistano PAULO MENOTTI DEL PICCHIA (1892-1988) formou-se em Direito e trabalhou em diversos jornais e revistas; publicou seu primeiro livro de poesias por volta de 1913: “Poemas do vício e da virtude”; foi também artista plástico. Em 1943 elegeu-se para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a Cadeira 28. Um dos grandes incentivadores do movimento modernista que o acolheu com entusiasmo. Seu poema “Juca Mulato”, de 1917, o coloca entre os primeiros escritores do Modernismo. Em 1922 estava com 30 anos.
GERMINAL
Nuvens voam pelo ar como bandos de garças.
Artista boêmio, o sol,
mescla na cordilheira
pinceladas esparsas
de ouro fosco. Num mastro,
apruma-se a bandeira
de São João, desfraldando o
seu alvo losango.
Juca Mulato cisma. A
sonolência vence-o.
Vem, na tarde que expira e
na voz de um curiango,
o narcótico do ar parado,
esse veneno
que há no ventre da treva e
na alma do silêncio.
Um sorriso ilumina o seu
rosto moreno.
(...)
OBS.: A palavra mulato vem do espanhol e significa mestiço.
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