Minas Gerais esteve
representada na semana modernista por AGENOR FERNANDES BARBOSA (1896-1976),
natural de Montes Claros. Formado em direito pela faculdade do Largo de São
Francisco em 1926, Barbosa foi poeta, jornalista e fez carreira como
funcionário público. Foi descoberto por Menotti Del Picchia, que o lançou Barbosa em
sua coluna no Correio Paulistano, em
14 de abril
de 1921. O talento do mineiro já era reconhecido
em seu estado natal: “Agenor
Barbosa, quando jovem, foi um dos poetas mais queridos de Belo Horizonte. Muito
magro, muito pálido, escrevia nas revistas versos líricos, que eram gravados de
cor pelas garotas de 1915" ‒ de acordo com entrevista do acadêmico
mineiro Djalma Andrade, publicada no jornal ESTADO DE MINAS. Em São Paulo Agenor
trabalhou no CORREIO PAULISTANO e na editoria literária da revista A CIGARRA.
Seus poemas o identificaram com os modernistas, mas não gostava de
classificações como escreveu: “Tenho desejo de ser,
simplesmente, um daqueles tantos obscuros trabalhadores da arte, que se
esforçam anônima e ingloriamente para atualiza-la neste tempo e nestes lugares,
onde a tradição é um culto irrevogável e onde os mortos, como na moralidade de
Comte, ainda tanto governam os vivos". Agenor Barbosa não só participou da Semana de
Arte Moderna como ajudou na organização, junto com Rubens Borba de Moraes. Na
segunda noite do evento do Theatro Municipal, 15 de fevereiro, ele recitou um
poema que, dizem, teria sido o único a receber aplausos naquela noite que teve
palestra de Menotti Del Picchia.
Outro participante da Semana foi TÁCITO DE ALMEIDA (1899-1940), irmão de Guilherme de Almeida. Teve um trabalho importante na realização e divulgação da Semana de Arte Moderna. Formado em Direito (Largo de São Francisco), foi delegado, promotor, poeta e jornalista. Participou ativamente do Movimento de 1932. É um dos fundadores da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionou Ciências Políticas. Suas poesias foram publicadas em jornais e revistas; escreveu um livro em 1922, publicado postumamente ‒ “O Túnel”. Após a juventude, Tácito de Almeida deixou a poesia para o irmão. O professor Leandro Pasini, doutor pela USP em Teoria Literária e Literatura Comparada, afirma que “Do que foi publicado de sua obra poética, não obstante, poderia se julgar que se trata de um autor dotado de aguda consciência de seu momento histórico-literário e que buscou afirmar a sua personalidade moderna por meio da consumação de sua sensibilidade crepuscular, de seu penumbrismo”. (“A Semana de 22 e a poesia: contradições e desdobramentos”)
SALVARTácito de Almeida
Mais um desejo, amigo!
É preciso soltar,
Pelas florestas frias e
adormecidas,
Todos os nossos desejos
tímidos,
Procurando mesmo
assombrá-los,
Para que fujam, para que
corram
E se desviem por todos os
lados...
Mais um desejo!
É preciso que a pálida vida,
Nos seus longos passeios
desoladores,
Encontre sempre um desejo
perdido
Que ela saivá salvar.
Revista Klaxon, nº 6. 15/10/1922.
Fonte: http://literalmeida.blogspot.com
Penumbrismo: período entre o Simbolismo e o Modernismo
O paulista LUÍS ARANHA (1901-1987) também participou da programação do dia 15 de fevereiro, declamando seus poemas e apresentando a seção de artes plásticas. Na época ainda era estudante de Direito. Luís Aranha foi apresentado a Mário de Andrade pelos irmãos mais velhos e passou a frequentar a casa do escritor que reunia os amigos às terças-feiras. Aranha trabalhou numa drogaria na Rua São Bento e a experiência resultou no poema “Drogaria de Éter e de Sombra”, muito bem recebido pela crítica. Seus poemas foram publicados na Klaxon, na Revista do Brasil e Revista Estética (RJ). Em 1984, o poeta Nelson Ascher e o crítico literário Rui Moreira Leite reuniram a obra de Luís Aranha no livro “Cocktails” em 1984 (São Paulo: Editora Brasiliense). Depois que se formou, Aranha mudou para o Rio de Janeiro e entrou para a carreira diplomática, abandonando também a literatura.
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