sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

UM MODERNISTA FORA DE SÉRIE

 

O araraquarense Rubens Borba de Moraes (1899-1986) foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna. Filho de família abastada, estudou na Europa e retornou ao Brasil em 1919, quando conheceu o grupo modernista ao qual se uniu. Moraes foi pesquisador, historiador e tinha paixão pelos livros. Em 1924 publicou “Domingo dos séculos”, que o bibliófilo José Mindlin (1914-2010) considerou “uma deliciosa digressão sobre arte”. Em 1932 participou da revolta paulista. Em 1935 Rubens de Moraes tornou-se diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, hoje Biblioteca Mário de Andrade; no ano seguinte criou na prefeitura o curso de Biblioteconomia que posteriormente foi integrado à Escola de Sociologia e Política da qual foi um dos fundadores. (Na verdade, o curso foi fechado pelo prefeito Prestes Maia que achava que essa não era atribuição da prefeitura.) Logo depois foi convidado para dirigir a Fundação Biblioteca Nacional, onde também encontrou obstáculos para desenvolver seu trabalho. Não ficou parado muito tempo porque a Organização das Nações Unidas (ONU) o contratou para dirigir o Serviço de Informações e a biblioteca em Paris e Nova York.

Quando se aposentou, retornou ao Brasil e foi lecionar História do Livro, Bibliotecanomia e Bibliografia na Universidade de Brasília.  Aos 75 anos Rubens retirou-se para Bragança Paulista. Nos encontros com José Mindlin falava da preocupação com o destino da biblioteca dele após sua morte e a deixou em testamento para o amigo, que a acolheu. E assim Mindlin finalizou um belo artigo sobre Rubens de Moraes: “... (a biblioteca) se encontra aqui em casa, intacta, arrumada como estava na casa dele, e não se misturando com a nossa, pois uma biblioteca transmite a personalidade de quem a formou. E a personalidade Rubens foi fora de série”. (22/02/1999).



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