O araraquarense Rubens Borba de Moraes (1899-1986) foi um dos
organizadores da Semana de Arte Moderna. Filho de família abastada, estudou na
Europa e retornou ao Brasil em 1919, quando conheceu o grupo modernista ao qual
se uniu. Moraes foi pesquisador, historiador e tinha paixão pelos livros. Em 1924
publicou “Domingo dos séculos”, que o bibliófilo José Mindlin (1914-2010)
considerou “uma deliciosa digressão sobre arte”. Em 1932 participou da revolta
paulista. Em 1935 Rubens de Moraes tornou-se diretor da Biblioteca Municipal de
São Paulo, hoje Biblioteca Mário de Andrade; no ano seguinte criou na
prefeitura o curso de Biblioteconomia que posteriormente foi integrado à Escola
de Sociologia e Política da qual foi um dos fundadores. (Na verdade, o curso
foi fechado pelo prefeito Prestes Maia que achava que essa não era atribuição
da prefeitura.) Logo depois foi convidado para dirigir a Fundação Biblioteca
Nacional, onde também encontrou obstáculos para desenvolver seu trabalho. Não
ficou parado muito tempo porque a Organização das Nações Unidas (ONU) o
contratou para dirigir o Serviço de Informações e a biblioteca em Paris e Nova
York.
Quando se aposentou, retornou ao Brasil e foi lecionar História
do Livro, Bibliotecanomia e Bibliografia na Universidade de Brasília. Aos 75 anos Rubens retirou-se para Bragança
Paulista. Nos encontros com José Mindlin falava da preocupação com o destino da
biblioteca dele após sua morte e a deixou em testamento para o amigo, que a
acolheu. E assim Mindlin finalizou um belo artigo sobre Rubens de Moraes: “... (a
biblioteca) se encontra aqui em casa, intacta, arrumada como estava na casa
dele, e não se misturando com a nossa, pois uma biblioteca transmite a
personalidade de quem a formou. E a personalidade Rubens foi fora de série”. (22/02/1999).
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