domingo, 27 de fevereiro de 2022

PRIMÓRDIOS DO CARNAVAL CARIOCA

 


Carnaval de 1919. No Largo da Carioca, o grupo de pierrôs mascarados a bordo de um moderníssimo conversível, posa para a posteridade. Quem é quem? Fantasias iguais. Cores diferentes? Acho que não. O senhor com uma boina à direita parece não acreditar no que vê. O motorista e o ajudante serão os únicos identificados e talvez nem ganhem uma cópia da foto. Ao fundo o Teatro Municipal e à direita a Biblioteca Nacional. Junto aos jardins, os bancos estão ocupados por um homem que observa o grupo, enquanto o do lado lê uma folha e outro descansa apoiado à bengala bem relaxado; na extremidade, um senhor gesticula para o que parece tocar um acordeom...

 
Os bailes carnavalescos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro começaram há noventa anos, mas só atingiram o auge alguns anos depois. No Carnaval de 1932, transformaram a plateia em um luxuoso salão de baile que ficou repleto de foliões (foto). Como o automóvel ainda era um artigo de luxo e para bem poucos, o distinto público ia mesmo de bonde ao teatro, mas um bonde maquiado que o carioca logo apelidou de “bonde ceroula” e que o pessoal da Cinelândia preferia chamar de afrescalhados, porque os bancos eram revestidos com panos brancos para que os passageiros vestidos a rigor pudessem sentar confortavelmente.

 

Corso carnavalesco na Cinelândia. A foto não tem data, mas os apaixonados por carros até podem descobrir o ano pelo modelo do automóvel.

FONTE: Cinelândia. Breve história de um sonho. Editor Marcos da Veiga Pereira. Ensaio fotográfico de Carlos Secchin, 1997. 

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