Carnaval de 1919. No Largo da Carioca, o grupo de pierrôs mascarados a bordo de um moderníssimo conversível, posa para a posteridade. Quem é quem? Fantasias iguais. Cores diferentes? Acho que não. O senhor com uma boina à direita parece não acreditar no que vê. O motorista e o ajudante serão os únicos identificados e talvez nem ganhem uma cópia da foto. Ao fundo o Teatro Municipal e à direita a Biblioteca Nacional. Junto aos jardins, os bancos estão ocupados por um homem que observa o grupo, enquanto o do lado lê uma folha e outro descansa apoiado à bengala bem relaxado; na extremidade, um senhor gesticula para o que parece tocar um acordeom...
Os bailes
carnavalescos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro começaram há noventa anos,
mas só atingiram o auge alguns anos depois. No Carnaval de 1932, transformaram
a plateia em um luxuoso salão de baile que ficou repleto de foliões (foto). Como
o automóvel ainda era um artigo de luxo e para bem poucos, o distinto público
ia mesmo de bonde ao teatro, mas um bonde maquiado que o carioca logo apelidou
de “bonde ceroula” e que o pessoal da Cinelândia preferia chamar de
afrescalhados, porque os bancos eram revestidos com panos brancos para que os
passageiros vestidos a rigor pudessem sentar confortavelmente.
Corso carnavalesco na Cinelândia. A foto não tem data, mas os apaixonados por carros até podem descobrir o ano pelo modelo do automóvel.
FONTE: Cinelândia. Breve história de um sonho. Editor Marcos da Veiga Pereira. Ensaio fotográfico de Carlos Secchin, 1997.
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