Há 127 anos era
inaugurado o Viaduto do Chá. O
viaduto original, o primeiro da cidade, tinha 240 m de comprimento (180 m
constituíam a estrutura metálica) por catorze metros de largura, sendo nove metros
destinados à passagem central e cinco a passarelas laterais, estas revestidas
de assoalhos de madeira. Para a iluminação havia 26 lâmpadas a gás e nas
extremidades foram colocadas obras de arte, além dos portões e guaritas para
cobrança de pedágio no valor de três vinténs. Projeto do francês
Jules-Victor-André Martin (1832–1906) executado pela Companhia Paulista do
Viaducto do Chá, criada especialmente para esse fim.
O Teatro Municipal e o "Edifício Glória" espremido entre prédios modernos e meio escondido pelos buquês de sibipirunas. |
Corria o ano de 1891 e as
cabeças pensantes da época almejavam um bom teatro para a cidade. Havia umas
quatro ou cinco casas de espetáculos e a melhor era o Teatro São José, que
acabou destruído por um incêndio em 1898. O prefeito Fábio Prado (1887-1963)
resolveu investir na ideia. O local escolhido? Uma área da Chácara do Chá, do
velho barão de Itapetininga que, desapropriada, deu lugar às ruas (denominações atuais) Formosa, Coronel Xavier de Toledo,
Conselheiro Crispiniano e Vinte e Quatro de Maio.
Trabalho de dois arquitetos
italianos: Cláudio Rossi (1850-1935) fez o projeto e Domiziano Rossi
(1865-1920) se encarregou dos desenhos; a construção ficou a cargo do
Escritório Técnico de Ramos de Azevedo e a obra começou em junho de 1903.
O prédio atrás do teatro. |
No início dos anos de 1920, outra grande obra se realizava atrás do
teatro: o prédio de sete andares do ESPLANADA
HOTEL, projeto dos arquitetos franceses Emile-Louis Viret e Gabriel
Marmorat. O hotel (250 quartos dos quais trinta sem banheiro) foi inaugurado em
março de 1923 com um grande jantar de gala ao som de duas orquestras e
tornou-se o ponto de reuniões da sociedade. Muitos hóspedes estrangeiros usavam
o estabelecimento para “vender seu peixe”. Caso de Elisa Giaccone Macceloni, da
casa de moda Giaccone Macceloni & Cia., de Lucca e Florença, cuja bagagem
era “constituída de tudo o que de mais fino foi visto até hoje em elegância,
bom gosto e perfeição”, de acordo com o anúncio que publicou em O Estado de S.
Paulo. Madame Madaleine Doré foi outra que desembarcou em São Paulo para uma
estada de apenas dois dias para liquidar “sa
superbe collection à prix reduit”, nos apartamentos 301-303. O hotel era
também o endereço para vernissages e uma das primeiras foi a do pintor e
ilustrador francês Louis Tinayre (1861-1941) ainda em 1923.
Com o tempo o Esplanada ficou conhecido como “o hotel das estrelas”, pois
hospedava artistas que se apresentavam no Theatro Municipal. (Conta-se que
havia um túnel ligando o hotel ao teatro.) Entre os ilustres escritores que
dormiram lá se destacam o inglês Rudyard Kipling (1865-1936) e o americano
William Faulkner (1897--1962), prêmio Nobel de Literatura de 1950.
Na década de 1960, o prédio foi comprado pela família Ermírio de Moraes, que
lá instalou a sede da Votorantim. Uma compra sentimental: em 1925, o Esplanada
Hotel foi o cenário do casamento dos jovens José
Ermírio de Moraes (1900-1973) e Helena Pereira, pais de Antônio Ermírio de
Moraes, o segundo dos quatro filhos que o casal teve. O edifício passou a se
chamar ERMÍRIO DE MORAES. Em 2012
o governo do Estado de São Paulo adquiriu o prédio onde, atualmente, se
encontram as Secretarias de Agricultura e Abastecimento e de Turismo.
Tombado pelo CONPRESP em 1992.
Praça Ramos de
Azevedo, 254.
Manhã de domingo de dezembro de 2018. |
FOTOS: Hilda Araújo, 3/11/2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário