Chego à Rua
Sete de Abril, antiga Rua da Palha, que foi renomeada para marcar a data de
abdicação de D. Pedro I. Parece que a Câmara paulista estava aborrecida com o
imperador para homenagear a data... Ela tem trânsito intenso em direção da Rua
Xavier de Toledo, e que só é superado pelos pedestres nas calçadas. Dos velhos
tempos restaram nessa rua o sobrado onde funciona o restaurante Old House (83), o prédio de três andares
do Hotel São Sebastião (364) e o belo edifício Claudina 356, todos
aparentemente em bom estado de conservação apesar dos esforços dos pichadores em sujar a parte inferior do restaurante; mas destacam-se ainda o prédio da
Companhia Telefônica (anos 1930), em frente à Rua Dom José de Barros, o
edifício do antigo Banco das Nações e as galerias.
Quase ao lado
do Old House fica o prédio do antigo
Banco das Nações (1954/1999), incorporado pelo Bamerindus, incorporado pelo
HSBC que foi comprado pelo Bradesco (Ufa!). Fundado pelo industrial, político e
banqueiro Paulo Abreu (1912-1991), teve a primeira sede na Rua General Carneiro
‒ outra obra de arte abandonada ‒, mas esta é outra história. O prédio da Rua Sete de Abril 97 tinha uma escultura de Luiz Morrone (1906-1998) ornamentando
a fachada. A obra foi encomendada pelo banqueiro para o novo prédio do banco,
mas foi levada por bandidos em março de 2017. Embora fosse propriedade
particular, fazia parte do cotidiano de trabalhadores, comerciantes e turistas
que transitam pela região. Revoltante!
Fui
procurar o prédio 230 onde o jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968)
instalou os seus DIÁRIOS ASSOCIADOS, local da primeira sede do Museu de Arte
de São Paulo e do Museu de Arte Moderna, que foram criados com o apoio de
Chateaubriand. Nesse edifício de linhas sóbrias de 1947, funcionou também a McCann-Erickson Publicidade,
uma das grandes agências
brasileiras do setor. Jornalistas, publicitários, artistas, políticos e
leitores dos jornais circularam por lá ‒ uns escrevendo notícias e vendendo
espaços nos meios de comunicação da época; outros tentando aparecer, mostrar
seu trabalho ou expor seus problemas e angústias. O MASP ocupou o prédio antes que os DIÁRIOS ASSOCIADOS mudassem para para lá. O Museu teve duas inaugurações – a primeira em 2 de outubro de 1947 e a segunda em julho de 1950. Ah! Se essas paredes falassem...
Que
tal visitar as galerias? Começo pelo EDIFÍCIO GALERIA SETE DE ABRIL, projeto do casal ítalo-brasileiro Maria
Berdelli e Ermanno Siffredi, anterior ao da Galeria Nova Barão. O prédio de
doze andares também com saída para a Rua Bráulio Gomes ficou pronto em 1959 e tem
uma linha que mais tarde predominará nas Grandes Galerias desenhada pelos dois
arquitetos. Nas entradas, nada de escadas. Rampas garantem a acessibilidade de
todos. O desenho do piso é muito bonito. No meio da galeria, a escada rolante. Comércio variado, com um grande
movimento nos dias de semana.
Rua Sete de Abril,
125.
Correção. A Galeria
dos Brinquedos todos sabem onde fica: naquele bonito prédio
de linhas clássicas dos anos de 1920 na Sete de Abril (356); porém, trata-se da
GALERIA ITAPETININGA que tem conexão
com o prédio da Barão de Itapetininga, 267. Este com uma arquitetura
completamente diferente foi encomendado pela família Fretin. O projeto é do
Escritório Severo Villares. A galeria atrai principalmente colecionadores ‒
colecionadores em geral, mas principalmente de brinquedos antigos, o que lhe
deu popularidade. Não precisa ser criança nem adepto do colecionismo para ir
visitar a galeria. Aliás, são os adultos que se divertem mais ao reencontrar os
brinquedos e objetos da infância. Há umas dez vitrines só com brinquedos. As
crianças e os jovens se admiram com as coisas que fizeram a felicidade de seus
pais e avós. Com uma grande diversidade de lojas ‒ desde perfumes importados,
roupas, artigos esotéricos, bijuterias e artigos de fotografia. A galeria
foi inaugurada em 1957.
Nenhum comentário:
Postar um comentário